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Escola mais antiga de SP desfila longe do Anhembi; veja história da Lavapés

Há 80 anos, um desfile carioca ajudava a mudar o rumo do Carnaval paulistano.

A festa na praça Onze, no Rio de 1936, influenciou uma vendedora de limões a tomar a decisão inusitada de criar, no ano seguinte, uma escola de samba em São Paulo, e não um bloco ou cordão, como era mais comum.

Aos 28 anos, Deolinda Madre, uma negra pobre que trabalhava no centro da capital paulista, fundava a Lavapés, hoje a escola mais antiga em atividade no Estado.

Madrinha Eunice, como era conhecida, teve inspiração após ver o desfile da antiga escola carioca Recreio de São Carlos. Era um caminho sem volta.

Ela foi fundada como escola e continua sendo até hoje. As outras, não. São oriundas de blocos, explica o carnavalesco Horácio Rabaça.

Mas, apesar da idade, a Lavapés não foi a primeira a chegar.

Existiu uma escola chamada Primeira de São Paulo, que só durou o ano de 1936. Já a Lavapés, criada em 1937, desfila até hoje, diz a presidente Rosemeire Marcondes, neta de Madrinha Eunice.

O trabalho para manter a vida da escola é árduo. Rosemeire costuma reunir os passistas nos dias de desfile na frente de sua própria casa, no bairro do Cambuci, já que a escola não tem quadra.

Até os anos 1960 a realidade era outra. Ao lado de Vai-Vai e Peruche, a escola centralizava as atenções. Ganhou 19 vezes o campeonato.

Desde a década seguinte fora da elite, a escola da Baixada do Glicério vive distante dos holofotes do Anhembi. Participa na próxima segunda (8), na Vila Esperança (zona leste), do desfile do grupo 3, o penúltimo do carnaval paulistano. O evento é organizado pela União das Escolas de Samba.

Apesar da atual posição no Carnaval, a escola segue como importante capítulo da história dos desfiles. Madrinha Eunice, que morreu aos 87 anos em 1997, está na lista dos cinco baluartes do samba paulista.

O Anhembi que nos espere, estaremos de volta logo, logo, afirma o mestre de bateria Marco Aurélio.