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Mikhail Zygar diz como foi construída a imagem pública de Vladimir Putin

Mikhail Zygar conversou com João Moreira Salles, editor da piauí, e Raul Juste Lores, da Folha de S.Paulo. Zygar passou os últimos dezesseis anos – desde que Vladimir Putin assumiu o poder na Rússia – entrevistando pessoas ligadas direta e indiretamente ao presidente e ao Kremlin. O resultado desse trabalho está no livro All the Kremlin´s Men, publicado em 2015, que revela os meandros de importantes decisões políticas no país e a falta de transparência delas.

Zygar explicou como Putin, mesmo sem ser um comunista, costuma usar o espírito da Guerra Fria a seu favor: “No início da década de 90, o fim do sistema totalitário deveria ser celebrado. Mas por motivos econômicos, muito por causa da queda do preço do barril do petróleo, entramos em crise. O colapso da União Soviética deveria ser o começo de uma nova Rússia. E Putin tem usado essa sensação de que algo se perdeu. Ele sente certa nostalgia de um passado imperial. Mas não é comunista. Ele estava tentando jogar com essa ideia junto aos mais idosos, quando restaurou o hino soviético no começo do governo. Eu acho que Putin preferiria o legado do Império Russo. Ele criou um fenômeno bizarro chamado ‘valores russos tradicionais’. Na Rússia, não temos instituições políticas de verdade. O sistema todo depende de Putin e isso é um grande fator de instabilidade.”