Covid-19

5 ações do governo federal que poderiam ter mudado a pandemia no Brasil

Por Lucas Borges Teixeira

Devia, mas não fez

Mais de um ano de pandemia se passou, e, hoje, cerca de 50 países já estão vacinando. Por aqui, mais de 200 mil pessoas morreram e seguimos sem imunização. O governo poderia ter mudado isso? Sim, mas não o fez.
UOL

1. Lockdown nacional

O tal bloqueio total, nunca feito no Brasil, ajudou a achatar a curva de infecções e diminuir mortes pelo mundo. Por aqui, cientistas estimam que teria atrasado a pandemia em meses se feito em março.
RICARDO MORAES/REUTERS

O que o governo fez

Não é que o governo tenha deixado de lado a possibilidade de um lockdown, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) se tornou um de seus grandes críticos -- desestimulando até o isolamento social mínimo adotado em alguns estados.
Marcos Corrêa/PR

2. Liderar uma frente nacional

Todos os países de maior sucesso no combate à pandemia centralizaram suas ações em um órgão federal, que coordenava, apoiava e financiava os entes federativos.
Divulgação/Assessoria João Doria

O que o governo fez

Jair Bolsonaro se negou a tomar a frente e transferiu a responsabilidade aos estados. Depois, decidiu brigar com os que estavam tendo sucesso mínimo.
Adriano Machado/Reuters

3. Não apostar em cloroquina

Sem eficácia comprovada, a cloroquina nunca foi realmente considerada por pesquisadores internacionais sérios como uma solução para a pandemia. Hoje, é motivo de piada.
Foto: HeungSoon/Pixabay

O que o governo fez

Bolsonaro virou o garoto-propaganda e comprou 5,8 milhões de comprimidos por quase R$ 2 milhões ao todo. Acabou estocando e repassando para uso em doenças em cujo tratamento ela é, de fato, eficaz.
ADRIANO MACHADO

4. Acordo prévio para vacina

Diversos países no mundo e alguns estados no Brasil estabeleceram acordos com fabricantes no meio de 2020 para garantir as doses necessárias para iniciar a vacinação.
Governo de São Paulo/Divulgação

O que o governo fez

Não só não garantiu o número mínimo de doses como recusou uma oferta da farmacêutica Pfizer de 70 milhões de imunizantes em agosto. Com ela, EUA e Europa já iniciaram suas imunizações. Aqui, nada.
Mateus Bonomi/AGIF

5. Não negar a pandemia

Há um ano de pandemia, está claro que, quanto mais rápido um país aceitou e tentou estudar a covid-19, melhor ele está agora e mais mortes evitou. A maioria deles já está com vacinação.
Michael Kappeler/Pool/AFP

O que o governo fez

Bolsonaro usou diversos termos para se referir ao vírus, nenhum deles sério - como fizeram os EUA, epicentro da pandemia. Hoje, 200 mil mortes depois, o tom é outro, mas ele segue sem reconhecer os erros.
Alan Santos/Divulgação
Publicado em 09 de janeiro de 2021.

Edição: Clarice Cardoso

Fontes: Miguel Nicolelis, neurocientista e coordenador do Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Consórcio Nordeste; Paulo Lotufo, epidemiologista e professor da Universidade de São Paulo (USP); Domingos Alves, pesquisador da USP-Ribeirão; Gulnar Azevedo, presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Saúde Coletiva.