China deve pressionar Coreia do Norte para ser mediadora da paz regional e mundial
Quase sempre, a Coreia do Norte aparece como uma ditadura caricatural. Como um regime sinistro que tiraniza seu povo, mas não causa muitas preocupações fora de suas fronteiras. Agora, o país mostra também que pode constituir uma séria ameaça à paz mundial. Não é a primeira vez que isso acontece. Mas as circunstâncias atuais tornam a situação mais sensível.
No poder desde 2011, Kim Jong Un, é um dirigente inexperiente e totalmente dependente dos grupos militares sustentando a ditadura hereditária que herdou de seu pai e de seu avô. Suas provocações dos últimos meses, ameaçando a Coreia do Sul, o Japão e até os Estados Unidos com ataques nucleares, vão atingir mais um ponto alto nesta semana.
Segundo o jornal New York Times, Pyongyang realizará mais um lançamento de míssil intercontinental na quarta-feira (10). Alcançando um distância de três a quatro mil quilômetros, o míssil não pode atingir o território continental dos Estados Unidos, mas pode ter a base americana de Guam e partes do Alaska na sua linha de mira. Além, obviamente, de ter ao seu alcance a Coreia do Sul, o Japão e os países vizinhos.
Desde março, quando a ONU impôs novas sanções ao país por causa do teste nuclear realizado em fevereiro, e do início das atuais manobras militares conjuntas entre a Coreia do Sul e os Estados Unidos, as ameaças de Kim Jong Un sobem de tom. Neste contexto pesado, o general James Thurman, comandante das forças militares americanas na Coreia do Sul, declarou que os Estados Unidos estão "prontos para ir em frente" se os norte-coreanos iniciarem as hostilidades.
Nos últimos dias, rompendo o silêncio que se observa sobre a situação norte-coreana, o presidente da China criticou veladamente Kim Jong Un. Sem citar a Coreia do Norte, Xi Jinping declarou: "ninguém pode lançar a região e até o mundo inteiro no caos para faturar ganhos pessoais… defendendo seus próprios interesses, cada país deve acomodar-se com os legítimos interesses dos outros”.
O papel de Pequim é fundamental para acalmar o regime de Kim Jong Un. Separada da Coreia do Norte por uma fronteira de 1.416 km, a China estará na linha de frente dos conflitos que surgirem na região.
Segundo o jornal Japan Times, Wang Yi, o chanceler chinês foi bem mais duro. Numa conversa recente com um alto representante da ONU, ele reiterou que Pequim opõe-se "a qualquer declaração ou ação provocatória de qualquer partido na região e não permite tumultos na porta da China". Nos próximos dias pode haver uma virada na situação, com a China pressionando Kim Jong Un para se apresentar também como a grande mediadora da paz regional e mundial.
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