Crítica francesa à política "intransigente" da Alemanha ganha apoio de peso
Três meses depois de François Hollande e Angela Merkel terem celebrado em grande pompa o quinquagésimo aniversário do Tratado do Eliseu, assinado em 1963 por De Gaulle e Adenauer, que selou a reconciliação franco-alemã, Paris e Berlim se desentendem seriamente.
Numa série de declarações coordenadas, os dirigentes do Partido Socialista Francês (PSF) começaram a criticar a Alemanha e, mais diretamente, a chefe do governo alemão, Angela Merkel, por sua “intransigência egoísta” na gestão da crise do euro e da União Européia (EU).
Como notaram os editorialistas franceses, desde o início dos primeiros tratados europeus, nos anos 1950, a França e a Alemanha são os dois pilares da construção europeia. Neste momento de grandes dificuldades econômicas e diplomáticas, a querela franco-alemã aparece como uma má notícia para a União Europeia (UE). Outros dirigentes franceses tentaram consertar o mal-entendido, e um ministro importante do governo Hollande, Manuel Vals, disse que os ataques do PSF à Alemanha e à Merkel são “irresponsáveis, demagógicos e nocivos”. De seu lado, a oposição francesa criticou a “germanofobia” do governo Hollande.
A imprensa francesa ficou mais dividida, com uma parte dos comentaristas afirmando que a confrontação democrática com o governo alemão é útil e necessária para o avanço da UE.
Agora, duas opiniões de peso vieram reforçar as críticas francesas ao governo alemão e à Merkel. A primeira foi um editorial do Washington Post intitulado “A Alemanha precisa dar mais ajuda a seus vizinhos”. O jornal americano alega que a receita alemã, que pressiona seus vizinhos para a redução dos deficits orçamentários, é “contraproducente” no contexto da onda de desemprego que assola os países europeus.
A segunda opinião foi expressa por Jurgen Habermas, considerado o maior filósofo e pensador político alemão – e europeu – da atualidade. Numa conferência realizada na Universidade de Leuven (Bélgica) e resumida no cotidiano londrino The Guardian, Habermas atacou a direção que o governo alemão dá à sua política européia.
Segundo Habermas, a liderança de Merkel joga a Alemanha para um “nacionalismo unilateral” e até para as perigosas fantasias da emergência de uma “Europa alemã”.
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