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O ano de 2014 começa com três novidades e um clima de bom agouro

02/01/2014 13h45

O ano da União Europeia (UE) começa com três novidades importantes. A primeira é a entrada da Letônia, país com 2,2 milhões de habitantes, na zona do euro.

Décimo oitavo membro da UE a utilizar a moeda única, a Letônia é o segundo país báltico, depois da Estônia, a adotar o euro. Embora a opinião publica do país ainda nutra preocupações com os rumos futuros da economia, a entrada na eurozona não deverá causar sobressaltos.

De fato, o lats, a moeda nacional letã, já estava “euroizado” - com paridade fixa em relação ao euro -, desde 2005. Mas o efeito geopolítico é importante. Bem ao lado da Rússia, que sempre pôs e dispôs nos países bálticos, mais um país se amarra solidamente à Europa ocidental e às instituições democráticas.

A outra novidade importante é a entrada da Romênia e da Bulgária no mercado livre de trabalho da UE. Concretamente, a partir deste 1° de janeiro, os cidadãos dos dois países, que já são membros da UE desde 2007, poderão trabalhar livremente nos outros países membros sem carta de residência ou qualquer outra autorização especial.

Aqui também não deve haver problemas, visto que 3 milhões de búlgaros e de romenos já trabalham em diferentes países da UE, contribuindo para a consolidação da identidade europeia. Segundo os especialistas, a livre circulação não aumentará excessivamente este número.

Enfim, a Grécia vai exercer a presidência da UE durante os próximos seis meses. Na prática nada muda, pois são os organismos sediados em Bruxelas que continuam administrando a União. Simbolicamente, o fato é entretanto importante.

Arruinada pela crise, ameaçada de implosão, a Grécia foi submetida a um tratamento de choque pela UE. Apesar das graves consequências sociais (27,4%, o mais alto da UE) e políticas (emergência de um movimento neonazista), a Grécia se restabelece devagar e terá, provavelmente, um PIB de 0,6% em 2014.

No total, as três novidades são de bom agouro. Mesmo Paul Krugman, notoriamente pessimista com relação ao futuro da UE, concorda que houve uma melhoria no quadro econômico europeu nos últimos anos. Se é verdade que a porcentagem da dívida pública com relação ao PIB continua subindo nos países mais vulneráveis, os juros dos empréstimos públicos desses mesmos países estão em declínio.

De todo modo, os eurocéticos dos países ricos da UE continuarão achando que os letões precisarão ser sustentados, que os trabalhadores romenos e búlgaros vão provocar mais desemprego e que a Grécia está falida e sem condições de presidir coisa nenhuma.

O resultado do embate e da divergência de opiniões será dado nas eleições para o Parlamento Europeu no final de maio deste ano. Preocupado, o "Le Monde", jornal pró-Europa, num balanço sobre os problemas da UE em 2014, escreveu num subtítulo “Angústia das eleições europeias”.