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Propaganda "anti-Europa" e querela com EUA marcarão eleições do Parlamento Europeu

Integrantes do Parlamento Europeu participam de votação na cidade francesa de Estrasburgo - Vincent Kessler/Reuters
Integrantes do Parlamento Europeu participam de votação na cidade francesa de Estrasburgo Imagem: Vincent Kessler/Reuters

15/05/2014 14h36

As eleições para o Parlamento Europeu que ocorrem no próximo domingo nos 28 países da União Europeia (UE) terão um destaque especial. Desde 1979, e a cada cinco anos, os cidadãos da UE elegem diretamente seus representantes ao Parlamento sediado em Bruxelas. Dois fatos importantes marcarão as eleições. Em primeiro lugar, haverá uma forte abstenção eleitoral. A taxa dos eleitores que não votam neste escrutínio começou em 36,3% em 1979, pulou para 59% em 1979 e agora, segundo as sondagens, será ainda mais elevada.

Obviamente, há um desinteresse dos europeus pelo Parlamento que os representa. Em segundo lugar, prevê-se que um grande número de deputados ditos “eurocéticos”, isto é, que combatem a unificação europeia, integrarão o Parlamento de Bruxelas. Assim, a instância principal do processo de unificação europeia se transformará em palanque da propaganda antieuropeia.

Por fora, corre também uma polêmica internacional que terá impacto negativo sobre as eleições de domingo. Trata-se das negociações envolvendo o “Transatlantic Free Trade Area” (TAFTA) que desembocará da zone de livre comércio entre e UE e os Estados. Unindo também o México e o Canadá através do NAFTA (tratado de livre comércio da América do Norte), o TAFTA cobrirá 46% do PIB mundial, criando a maior zona de livre comércio da História.

Tal iniciativa, destinada a facilitar o comércio e a criar empregos entre os dois lados do Atlântico Norte, é criticada por muitos setores europeus por três razões principais. A primeira crítica, compartilhada por editorialistas e parlamentares americanos, concerne o sigilo das negociações entre as duas partes. Os americanos e certos países europeus exigem confidencialidade nas discussões. Um funcionário europeu citado pela imprensa francesa fala da “atmosfera sufocante” criada pelos controles de segurança dos americanos que, ao mesmo tempo, são acusados de espionar os entendimentos entre os países europeus. O segundo ponto, concerne os controles de qualidade e segurança alimentar, muito mais tolerantes nos EUA do que na UE, notadamente no que se refere aos aditivos químicos e hormônios de crescimento animal. Enfim, há a questão energética. Ao contrário dos EUA, a França e outros países europeus proíbem a exploração de gás de xisto em seus subsolos em nome da preservação do meio-ambiento.

Todas essas querelas tem vindo à tona na atual campanha das eleições europeias. O jornal “Le Parisien”, muito popular na capital francesa e distribuído em todos os bistrôs parisienses, trazia nesta semana na capa do número onde comentava os contenciosos do TAFTA a manchete: “Europa: a América (EUA) quer impor sua lei”.