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Comemoração dos 70 anos do Dia D mostra peso de França e Alemanha na preservação da paz

07/06/2014 15h21

As comemorações do 70° aniversário do desembarque aliado na Normandia tiveram vários aspectos importantes. Em primeiro lugar, a mídia marcou a emoção dos veteranos que, talvez pela última vez, dado sua idade avançada, participaram das festividades. Em seguida, todos os presentes, mas principalmente os franceses, expressaram seu afeto pela rainha Elizabeth 2ª, que é também veterana da Segunda Guerra Mundial. Mais ainda, a rainha é a única chefe de Estado em atividade que participou do conflito mundial.

De fato, em fevereiro de 1945 e nos últimos meses da guerra, a então princesa Elizabeth, promovida a subtenente, foi chofer de caminhão num regimento feminino do Exército britânico sediado na Inglaterra.

Francófila de quatro costados e falando francês fluentemente, a rainha foi convidada por François Hollande para um jantar de honra no palácio presidencial em Paris e para uma visita pelas ruas da cidade que ela aprecia muito. 

No entanto, o fato mais marcante das festividades do D-Day foram os encontros de bastidores entre Obama e Putin por um lado, e de Putin e de Porochenko, recém-eleito presidente da Ucrânia, por outro lado.

O primeiro encontro foi discreto e intermediado pelo presidente francês. No seu discurso diante dos veteranos e do grande público francês, europeu e americano que seguiu a cerimônia, Hollande prestou homenagem aos soldados americanos e britânicos da batalha da Normandia, mas também ao Exército Vermelho, “e aos povos que formavam a União Soviética” (incluindo aí a Ucrânia) que deram a vida para derrotar o nazismo. Depois, numa conversa rápida com um veterano francês, Hollande confirmou que Obama e Putin haviam se encontrado.

Segundo o New York Times, Obama voltou da França mais otimista do que havia chegado, iniciando um nova fase diplomática na crise entre a Rússia e os ocidentais a respeito da Ucrânia. O encontro entre Porochenko e Putin teve duas etapas e foi intermediado por Angela Merkel.

Fluente em russo (do tempo em que viveu na Alemanha Oriental), Merkel praticamente empurrou Porochenko para o lado de Putin diante das câmeras de TV do mundo inteiro. Depois, mais à parte, a conversa entre os dois continuou e Putin acertou mandar o embaixador russo Mikhail Zourabov reassumir seu posto em Kiev e assistir à posse de Porochenko na presidência da Ucrânia.

Para além das emoções e das festividades do “D-Day”, o balanço diplomático do evento, graças ao envolvimento direto e Hollande e Merkel, mostra também o grande peso da aliança franco-alemã na preservação da paz na Europa e no mundo.