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UE e EUA temem adesão de jovens europeus ao fanatismo islâmico

30/06/2014 12h50

Numa entrevista recente na cadeia de televisão ABC, o presidente americano, Barack Obama, chamou a atenção para um problema que preocupa há bastante tempo os serviços de segurança da União Europeia (UE): a ameaça representada por jovens europeus fanatizados pelos setores radicais islâmicos.

Concretamente, Obama se referiu aos europeus islamistas que combatem na Síria junto com outros jihadistas e depois retornam para seus países de origem, podendo dali viajar para os EUA: “eles voltam, eles têm passaportes europeus e não precisam de visto para entrar nos Estados Unidos”.

O fenômeno não é novo na Europa. Desde a guerra da Bósnia (1992-1995), país majoritariamente muçulmano atacado pelas forças sérvias, se sabe da participação de combatentes islamistas franceses, belgas ou britânicos que voltavam para seus países mais radicalizados ainda.

Esse vai-e-vem dos jihadistas, que os serviços de segurança europeus monitoram com dificuldade, continua ocorrendo em diversos conflitos em países muçulmanos. Paralelamente, armas de guerra, principalmente vindas da antiga Iugoslávia, foram parar nas mãos de quadrilhas francesas especializadas em assalto a bancos.

Com o recrudescimento da guerra civil na Síria, o tema voltou à atualidade. Referindo-se aos combatentes oriundos da França envolvidos nos conflitos na Síria, Laurent Fabius, o chanceler francês, declarava no último mês de abril: “as pessoas que partem são cada vez mais numerosas e mais jovens”.

Segundo ele, havia então cerca de 500 jihadistas franceses combatendo na Síria. Neste mês de junho, fontes do governo francês afirmaram que este número havia subido para 800. 

O caso do franco-argelino Mehdi Nemmouche, principal suspeito do atentado ao Museu Judaico de Bruxelas ocorrido no mês de maio, que causou quatro mortes, acentuou a inquietação das autoridades europeias.

Segundo informações da imprensa francesa, com seu passaporte francês, Nemmouche teria circulado por vários países e combatido na Síria, antes de voltar para França e se deslocar para Bruxelas, onde cometeu o atentado. Sua prisão em Marselha ocorreu quase por acaso.

Certamente, os serviços de segurança americanos seguiram este caso de perto. Neste sentido, as declarações de Obama têm endereço certo e constituem uma pressão indireta para que a polícia europeia seja mais vigilante e, sobretudo, colabore mais estreitamente com a polícia americana.