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Espionagem agrava tensão diplomática entre Berlim e Washington

Cena de "A Vida dos Outros", longa de Florian Henckel von Donnersmarck; Ulrich Tukur --na foto-- é um agente da Stasi que vigia um famoso dramaturgo na Alemanha Oriental - Divulgação
Cena de "A Vida dos Outros", longa de Florian Henckel von Donnersmarck; Ulrich Tukur --na foto-- é um agente da Stasi que vigia um famoso dramaturgo na Alemanha Oriental Imagem: Divulgação

11/07/2014 08h56Atualizada em 11/07/2014 08h56

Iniciada pelas revelações de Edward Snowden, o agastamento das relações diplomáticas entre a Alemanha e os Estados Unidos agravou-se nesta semana com a expulsão do chefe dos serviços secretos americanos em Berlim.

Embora o procedimento diplomático tenha sido menos radical do que parece – em vez de expulsá-lo pura e simplesmente, o governo alemão pediu que o agente saísse de seu território -, o incidente é raro entre países amigos.

Herança da Guerra Fria, a presença de espiões americanos na Alemanha sempre foi importante. Segundo um diplomata americano, havia mais agentes secretos na antiga Alemanha Ocidental do que na ex-URSS. No entanto, o que deixa os especialistas perplexos é a persistência dessas redes de agentes na nova Alemanha, esteio principal da União Europeia e aliada fiel dos Estados Unidos.

 

Junte-se a isso a ojeriza particular de Angela Merkel e de outros  dirigentes oriundos da ex-Alemanha Oriental à espionagem. De fato, a temida agência secreta da Alemanha comunista, a Stasi, cujas atividades tornaram-se amplamente conhecidas com o notável filme “A vida dos outros” (2006), de Florian Henckel von Donnersmarck, traumatizou duas gerações de alemães.

Há duas semanas, um agente do serviço secreto alemão foi preso sob a acusação de passar informações para a CIA. Ademais, a Justiça alemã está atrás de um segundo espião que trabalha no Ministério da Defesa em Berlim.

Para além do insulto, os dirigentes alemães consideram os métodos americanos como uma baixaria. “É de uma burrice de dar dó”, declarou Wolfgang Schäuble, o ministro da Fazenda alemão, referindo-se à "idiotice" americana de recrutar agentes “de terceira categoria” na Alemanha.

Afastando qualquer exagero na expulsão do agente americano, os editorialistas e os dirigentes alemães lembram a severidade dos Estados Unidos com a espionagem praticada em seu próprio solo -- mesmo quando os culpados agem em favor de países aliados.

Assim, o americano Jonathan Pollard foi condenado à prisão perpétua por espionagem em favor de Israel em 1987 e continua encarcerado na Carolina do Norte, a despeito das constantes pressões de Israel em favor de sua liberação.