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Liberdade em Hong Kong é desafio para o autoritário governo de Pequim

22.set.2014 - Milhares de estudantes de Hong Kong boicotaram as aulas como parte da campanha de "desobediência civil" que ativistas democráticos organizam contra a recusa de Pequim de conceder sufrágio universal completo à antiga colônia inglesa - Xaume Olleros/AFP
22.set.2014 - Milhares de estudantes de Hong Kong boicotaram as aulas como parte da campanha de "desobediência civil" que ativistas democráticos organizam contra a recusa de Pequim de conceder sufrágio universal completo à antiga colônia inglesa Imagem: Xaume Olleros/AFP

22/09/2014 13h28

Território britânico devolvido para a China em 1997, Hong Kong dispõe de um estatuto político específico no contexto ditatorial chinês: usufrui de uma larga autonomia, permite que seus 7,2 milhões de habitantes conservem seu próprio sistema legal e judiciário, sua moeda e seu sistema político e tem seu autogoverno independente garantido até 2047. Pelo menos é que está estipulado no Tratado Sino-Britânico sobre Hong-Kong assinado pelos dois países em 1984.

Na prática, o desejo de emancipação da população local vem causando crescentes tensões com o governo chinês. No passado mês de junho, cem mil habitantes do território desfilaram para comemorar o 25° aniversário das manifestações pró-democráticas da praça Tiananmen, em Pequim, e para protestar contra a sangrenta repressão chinesa que se abateu na época sobre os manifestantes.

Pouco depois, no mês de agosto, o movimento pela democracia intitulado Occupy Central – que se refere ao centro de negócios de Hong Kong – iniciou uma série protestos em favor da livre escolha, pelos eleitores do território, do chefe do executivo regional.

De fato, a China havia prevenido que o próximo chefe do executivo de Hong Kong seria eleito, em 2017, a partir de uma lista de candidatos indicada por representantes pró-Pequim.

Nesta semana, milhares de estudantes lançaram um boicote das aulas para marcar suas demandas de mais democracia para o território. Em 2012, já haviam ocorrido manifestações políticas estudantis. Porém, seu alvo eram os cursos de educação “moral” e “nacional” impostos pelas autoridades de Hong Kong. Desta vez, as manifestações visam diretamente autoridade que o governo de Pequim exerce sobre o território.

Como é sabido, nada assusta mais os dirigentes chineses do que a propagação das ideias e das manifestações pró-democráticas de Hong-Kong nas outras universidades e cidades do país. Sobretudo agora, quando a economia chinesa conhece um relativo decrescimento, cujo impacto já se faz sentir em todas as bolsas mundiais.