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Nobel de Literatura deixa a França mais otimista

12/10/2014 06h00

A decisão dos jurados de Estocolmo, indicando o escritor Patrick Modiano como o prêmio de Nobel de Literatura deste ano, foi saudada por toda a imprensa e a mídia francesa. Mergulhada na crise econômica, com um presidente obtendo apenas 13% de opiniões favoráveis nas sondagens e com um partido de extrema-direita, o Front National de Marine Le Pen, que se tornou o maior partido do país, a França passa por uma fase difícil.

Neste contexto, o Nobel de Literatura ajudou a levantar o moral dos franceses. Num editorial, o diário parisiense Le Monde, lembra que, há apenas seis anos, outro escritor francês, Jean-Marie Le Clézio, também recebeu o Nobel de Literatura. Com Modiano, a França conta agora com quinze prêmios Nobel de Literatura, tornando-se assim, segundo o Le Monde, “o campeão mundial nesta categoria”.

Mas há outros fatos recentes demonstrando o dinamismo da cultura e da sociedade francesa. Best-seller nos Estados Unidos e debatido pelo mundo afora – na Coréia do Sul, 60 mil exemplares foram vendidos nas duas ultimas semanas – o livro “O Capital no século XXI”, do economista francês Thomas Piketty, está sendo agora discutido na Alemanha.

Embora tenha também estudado em Londres e pesquisado e ensinado nos Estados Unidos, Piketty é um puro produto do ensino de ponta da rede de educação pública francesa. Filiado a correntes de esquerda do Partido Socialista Francês, ele vive e ensina em Paris. Recebido pelo presidente dos sociais-democratas e ministro da Economia alemão, Sigmar Gabriel, Piketty continua criticando a política de rigor orçamentário propugnada por Angela Merkel e implementada pela União Europeia.

Tal política é criticada na própria Alemanha. Comentando o livro do economista alemão, Marcel Fratzscher, “Die Deutschland-Illusion”, o jornal londrino The Telegraph aponta os equívocos da política fiscal alemã.

Notadamente, The Telegraph mostra que a Alemanha vai encarar um sério declínio demográfico e uma redução substancial de sua população econômica ativa nos próximos anos. Inversamente, a França tem uma demografia mais dinâmica, com uma população que ultrapassará a da Alemanha por volta de 2045. Concluindo, o The Telegraph prognostica, “daqui a dez anos, a França será a potência dominante na Europa continental”.

Vinda da Inglaterra, onde a imprensa não é nada condescendente com a França, a notícia também surpreendeu favoravelmente os franceses.