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Eleição de Tabaré Vázquez no Uruguai consagra estabilidade política de nosso vizinho

02/12/2014 06h00

A eleição de Tabaré Vázquez, que sucede a Jose “Pepe” Mujica e volta à presidência depois de seu primeiro mandato como chefe do executivo uruguaio (2005-2010), consagra a estabilidade política e o progresso econômico do país vizinho. Ilustrando a maturidade política do Uruguai, onde os partidos têm bases sólidas, 75% dos eleitores já haviam definido seu voto dois anos atrás.

No plano econômico, o país fecha neste mês seu décimo segundo ano consecutivo de crescimento, dez dos quais sob os governos do partido Frente Amplio (FA). Assim, nas presidências de Tabaré e de Mujica, o PIB per capita anual uruguaio atingiu US$ 16.834 , tornando-se o mais alto da América Latina.

Do mesmo modo, o resultado eleitoral consolida a hegemonia da esquerda, representada pelo FA, no poder desde a primeira eleição de Tabaré em 2005.

Reunindo ex-guerrilheiros, como Mujica, comunistas, socialistas, católicos de esquerda e setores independentes, o FA quebrou o monopólio do Partido Nacional (no início chamado Blanco) e do Partido Colorado, que se revezavam no poder da primeira metade do século XIX até 1971, constituindo duas das mais antigas agremiações partidárias do mundo. 

Candidato derrotado no segundo turno, Luis Lacalle Pou (filho do presidente que governou o país de 1990 a 1995) não conseguiu trazer sua agremiação, o velho Partido Nacional, circunstancialmente coligado ao Partido Colorado, de volta ao poder.

No campo governista, “Pepe” Mujica, com 65% de popularidade no final de seu mandato, foi eleito senador. Sua influência continuará pesando no cenário político uruguaio. Mas apesar da “década ganha”, a nova presidência do FA encontrará problemas pela frente.

Exportador de produtos agropecuários, o Uruguai, sofre diretamente o impacto das turbulências econômicas no Brasil (maior importador de produtos uruguaios) e na Argentina. Como noutros países da região a exportação de produtos industriais regrediu desde os anos 1990, tornando o país mais vulnerável à flutuação dos preços das commodities. 

De todo modo, comparado ao Brasil, que saiu de eleições presidenciais tensas, e à Argentina, onde as presidenciais de outubro do próximo ano terão lugar numa atmosfera carregada, o Uruguai elegeu seu presidente numa verdadeira “festa da democracia”, como escreveu o escritor e historiador Ramiro Pellet Lastra, no seu blog do jornal portenho La Nacion.