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Os desafios do euro em 2015: Lituânia entra, Grécia periga

05/01/2015 06h00

Para os partidários da UE (União Europeia), o ano começou com boas e más notícias. A boa notícia é que a Lituânia passou a ser o décimo nono país membro a adotar o euro. O acontecimento tem uma forte conotação política. Primeiro país báltico a declarar independência da URSS em 1990, a Lituânia quer distância da pátria de Vladimir Putin.

No Washington Post, Matt O’Brien notou que o apoio dos lituanos à entrada na zona do euro passou de 41% em 2013 a 63% atualmente, na sequência da invasão da intervenção da Rússia na Ucrânia. Assim, o euro reforça os laços da Lituânia com o Ocidente. Acessoriamente, a moeda única induz uma baixa de juros que pode favorecer a economia deste país de três milhões de habitantes.

Na Grécia, na outra ponta da UE, o quadro é bem diferente. Frente à possível vitória do partido Syriza nas eleições legislativas do próximo dia 25, a eventualidade da Grexit --saída de Grécia da zona euro-- voltou à ordem da dia.

Coalizão de correntes de esquerda que se opõem à política de austeridade imposta pelo FMI, o Banco Central Europeu e a UE à Grécia, Syriza tornou-se o primeiro partido grego, sendo majoritário entre os eleitores com menos de 25 anos, assolados por uma taxa de desemprego que avizinha 50%.

Globalmente, a taxa de desemprego na Grécia atinge 26%. As últimas sondagens mostram uma vitória do Syriza, que obteria 30% dos votos nas legislativas do fim do mês. Segundo o semanário alemão de centro-esquerda Der Spiegel, a chefe do governo de Berlim, Angela Merkel, já considera a Grexit possível e avalia que a crise consequentemente criada na zona euro seria “administrável”.

Para Der Spiegel, a crença do governo alemão funda-se na constatação de que a zona do euro estaria mais sólida na medida em o sistema europeu está melhor estruturado e que outros países frágeis, como a Irlanda e Portugal, já estão saindo da crise.

Tal não é opinião da Forbes. Numa coluna da revista americana, o eurocético Tim Worstall alega que a Grexit poderia livrar a Grécia de boa parte de seus problemas, levando outros países, como a Itália, a seguir a mesma via, e provocando a implosão da zona do euro.

Deixada de lado nos últimos anos, a longa crise econômica e política da Grécia, onde o PNB encolheu de 20% desde 2010, é de novo atentamente seguida pela opinião pública e os meios dirigentes europeus.