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Eleições regionais na Espanha marcam vitória dos partidos emergentes

27.mai.2015 - Ada Colau saiu vitoriosa nas eleições e será a nova prefeita de Barcelona - Josep Lago/AFP
27.mai.2015 - Ada Colau saiu vitoriosa nas eleições e será a nova prefeita de Barcelona Imagem: Josep Lago/AFP

27/05/2015 11h07

Na sequência da vitória na Grécia do partido da esquerda radical Syriza, o sucesso do novo partido de esquerda radical Podemos, nas eleições regionais espanholas, parece dar continuidade ao movimento grego, indicando uma guinada para a esquerda na Europa.

Quarenta anos de um bipartismo não escrito, que fazia o Partido Popular (direita) alternar-se com o Partido Socialista no governo do país, chegaram a termo na Espanha.

Note-se que a vitória de Ada Colau, representante de um movimento contra a expulsão domiciliar de proprietários endividados, na prefeitura de Barcelona, e o avanço de Podemos no País Basco, também coloca os nacionalistas catalães e bascos no escanteio.

Contudo, como observaram vários editorialistas europeus, no contexto global europeu o fenômeno torna-se mais complexo. Assim, no mesmo dia das eleições espanholas, houve uma surpresa na Polônia, onde Andrej Duda, afiliado ao partido de extrema-direita Lei e Justiça, e praticamente desconhecido pouco tempo atrás, foi eleito presidente do país.

No Reino Unido, a vitória folgada dos conservadores frente ao desastre eleitoral dos trabalhistas, também foi inesperada. Na mesma ocasião, a revanche dos nacionalistas escoceses, mais próximos da esquerda, foi igualmente marcante.

Depois de perder o referendo pela independência, em setembro do ano passado, os independentistas do Scottish National Party coquistaram 56 dos 59 postos de representantes da Escócia no Parlamento de Londres. 

Ainda podem ser assinalados, o avanço contínuo do partido de extrema direita Front National, nas eleições francesas e derrota dos partidos governamentais na Irlanda, nas eleições europeias e locais realizadas em junho de 2014.

Como interpretar esses resultados eleitorais inesperados?

No seu site de informações o canal público de TV britânico, Channel Four, afirma que se trata de um movimento generalizado contra a austeridade econômica imposta pelos governos europeus e a própria União Europeia.

Num editorial, o "Le Monde" exprime uma opinião mais matizada. Observando que a indignação pode levar a uma vitória eleitoral, mas não é um método de governo, o "Le Monde" assevera que os resultados mais recentes das eleições exprimem uma “poderosa corrente de contestação” dos sistemas políticos europeus.

Ou seja, um fenômeno potencialmente mais grave e mais destabilizador do que um movimento pontualmente dirigido contra as políticas europeias de austeridade econômica.