Irã: uma nova fronteira econômica?
O acordo sobre o contencioso nuclear iraniano e a supressão gradual das sanções econômicas da ONU que isolavam o regime de Teerã desde 2006 não terão efeitos imediatos. Segundo os especialistas, a normalização da relações econômicas do país com o restante do mundo se iniciará daqui a seis meses e se completará nos próximos dois ou três anos.
Tudo isso, supondo que no meio tempo não haja recuos no Congresso norte-americano ou na cúpula do poder iraniano. Porém, já existe um grande interesse nos negócios que podem ser feitos com o Irã. Alguns pontos essenciais são sublinhados pelos conhecedores do país. Rico em recursos energéticos, com a terceira maior reserva de petróleo mundial, o Irã é também um dos países menos endividados, com uma dívida que representa apenas 11,4% de seu PIB, segundo o World Fact Book editado todos os anos pela CIA.
Acresce que o país tem um nível de alfabetização de 98%, e boa parte dos seus 80 milhões de habitantes possui uma formação profissional relativamente alta e é geralmente anglófona. Por trás da pressão moralizadora dos molás e dos conservadores, 15 milhões de iranianos usuários do Facebook e outros tantos de Twitter e de VPN (que permite escapar ao filtro da internet das autoridades) têm a cabeça ligada no restante do mundo.
Um artigo do "New York Times" chama a atenção para as recentes iniciativas comercias europeias no Irã, em contraste com a presença limitada de empresas norte-americanas no país. A hesitação dos empresários norte-americanos tem certamente a ver com a oposição que o acordo nuclear ainda suscita no Congresso e com a possibilidade das sanções serem reiniciadas se o Irã violar o acordo.
A revista Forbes também elencou outros problemas jurídicos que podem entravar as relações comerciais do país com os Estados Unidos.
No Brasil, a Associação de Comércio Exterior (AEB) publicou um comunicado otimista depois do acordo para a retirada das sanções econômicas contra o Irã. A expectativa é que cresçam as exportações brasileiras de produtos agro-alimentares, como a soja, o milho e a carne, tomando uma fatia do mercado que antes pertencia aos exportadores norte-americanos. O ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, foi mais longe, designando o Irã como um “foco prioritário” da política comercial brasileira.
Para além das hesitações ocidentais, o avanço da China irá certamente precipitar a concorrência comercial internacional no mercado iraniano. Uma visita oficial do presidente Xi Jinping a Teerã terá lugar no mês de setembro. Atualmente, entre 20 mil e 50 mil chineses, muitos falando farsi ( língua oficial do país), já residem no Irã. A China aposta no aumento das importações de petróleo iraniano, diminuindo sua dependência do petróleo vindo da Arábia Saudita e da Rússia. Pequim também privilegia o Irã como um aliado importante e potencialmente estável num Oriente Médio sacudido por tumultos de toda ordem.
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