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O G20 prudente com a China e os Estados Unidos

07/09/2015 14h27

A reunião dos ministros de Finanças e dos presidentes dos bancos centrais dos países do G20, concluída neste sábado (5) em Ankara, ocorreu num país cuja instabilidade ilustra as turbulências da conjuntura internacional.

Nas eleições legislativas de junho, o partido do presidente Erdogan, atual presidente do G20, perdeu a maioria absoluta que lhe facultava o controle do governo. Dirigida por um ministério transitório até as próximas legislativas do mês de novembro, a Turquia amarga uma degradação de sua economia e vê crescer a insegurança em suas fronteiras.

Frente aos ataques terroristas perpetrados partir da Síria, o governo turco lançou sua aviação contra as bases do Estado Islâmico na Síria e no Iraque, mas também contra os independentistas curdos, com quem havia pactuado uma trégua.

Ao mesmo tempo, dezenas de milhares de refugiados sírios e iraquianos continuam penetrando no território turco. Segundo a ONG americana Mercy Corps, perto de 2 milhões de refugiados fugiram da Síria para a Turquia desde 2011, quando começou o levante contra o presidente Assad.

Por isso, o presidente Erdogan conta pressionar incisivamente as grandes potências sobre o drama dos refugiados em novembro, na próxima cúpula dos presidentes e chefes de governo do G20, em Antalya, no litoral mediterrânico da Turquia. 

Na realidade, os pontos mais importantes discutidos pelos ministros do G20 neste fim de semana foram a política econômica da China e a política monetária americana. Malgrado a discrição do comunicado final da reunião, foram externadas queixas contra Washington e Pequim.

Relativamente ao dólar, surgiram preocupações quanto ao ritmo do aumento da taxa de juros pela Federal Reserve, a qual pode mitigar ou acelerar a fuga de capitais dos países emergentes para os Estados Unidos.

No que concerne a China, há apreensões mais amplas que, apesar das pressões americanas, alemãs e japonesas, também não foram mencionadas no comunicado final. Assim, renovaram-se as críticas à falta de transparência das estatísticas nacionais chinesas.

Mais concretamente, há inquietação quanto o ritmo de desvalorização do yuan, suscetível de lançar uma “guerra cambial”, segundo o termo cunhado em 2010 pelo então ministro Guido Mantega. Outros comentaristas afirmam, entretanto, que a preocupação com o yuan é excessiva, visto que a moeda só desvalorizou 4% com relação ao dólar, enquanto no último ano o euro caiu 15% com relação à moeda americana.

A circunspecção do texto do comunicado final é compreensível: trata-se de briga de gente grande. Nem a China nem os Estados Unidos estavam dispostos a levar pito dos outros membros do G-20.