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Extrema-direita é vista como ameaça pela maioria dos franceses e dos europeus

Marine Le Pen, líder do partido da extrema-direita francesa - Pascal Rossignol/Reuters
Marine Le Pen, líder do partido da extrema-direita francesa Imagem: Pascal Rossignol/Reuters

Em Paris

15/12/2015 17h47

Os resultados do segundo turno das eleições regionais mostraram uma situação paradoxal na França. O Front National ganhou, registrando a maioria dos votos, mas não levou, não obtendo nenhum governo regional do país. Os socialistas (PS) ganharam cinco regiões, melhorando os resultados obtidos no primeiro turno, mas perderam o governo da região de Paris, a mais importante e a mais populosa de todas.

Os gaullistas, reunidos com os centristas do ex-presidente Giscard d'Estaing, ganharam, na medida em que passam a controlar sete regiões. Mas, em três delas, precisaram dos votos do eleitorado de esquerda para vencer. No final das contas, a frase usada por um dos líderes do PS para definir a situação de seu partido caracteriza os resultados obtidos pelas três forças políticas que se enfrentaram nas urnas: "um sucesso sem alegria".

Contudo, este aparente empate geral que mistura vitórias e frustrações, anuncia as tempestades que se acumulam no horizonte político da França. Na história republicana, iniciada nos sobressaltos da Revolução francesa que gerou a Primeira República (1792-1799) e consolidada na atual Quinta República (iniciada em 1958), nenhum partido de extrema direita havia obtido resultados parecidos com os do Front National (FN), agora o maior partido político do país.

Desde 1984, quando se estruturou nacionalmente, o FN amplia regularmente o seu eleitorado nas legislativas, nas presidenciais e nas eleições locais, transformando-se também no mais importante partido europeu de extrema direita.

Concebida para funcionar no contexto da polarização entre os partidos de esquerda e de direita, através de embates em dois turnos em todas as instâncias, a Quinta República tem sua estabilidade ameaçada por uma terceira força. Rompido com tudo e com todos, propondo expulsão dos estrangeiros (incluindo os estrangeiros europeus) a saída do euro e o retorno ao franco francês e, a termo, a destruição da União Europeia, o FN é visto como uma séria ameaça pela maioria dos franceses e dos europeus.

Na França, tanto os socialistas como os gaullistas estão enfraquecidos, sem condições de enfrentar o FN separadamente. O PS perdeu todas as eleições realizadas no país desde a eleição de François Hollande nas presidenciais de 2012. Os gaullistas, atualmente dirigidos por Nicolas Sarkozy e reagrupados no novo partido Les Républicains (LR), estão divididos. Líderes moderados do LR, consideram que a linha radical seguida por Sarkozy, que tenta atrair o eleitorado do FN, é contraproducente. Para eles, o eleitorado da direita radical preferirá sempre votar no original (o FN) e não na cópia (o LR).

Num país inquieto, ainda traumatizado pelos atentados que ensanguentaram sua capital neste ano, todos os olhos se voltam para as presidenciais de 2017, nas quais Marine Le Pen, a líder do FN, já tem lugar garantido no segundo turno.