O referendo britânico e o assassinato da parlamentar pró-União Europeia
O assassinato da parlamentar Jo Cox traumatiza o Reino Unido e pode mudar os rumos do referendo sobre a saída do país da União Europeia (EU), o Brexit.
Na sequência, o primeiro-ministro, David Cameron, a pedido do líder trabalhista, Jeremy Corbyn, convocou uma sessão extraordinária do Parlamento britânico na próxima segunda-feira (20) para homenagear Jo Cox. Militante pró-União Europeia e decidida defensora dos imigrantes, Jo Cox se destacava no Partido Trabalhista e no Parlamento.
Num gesto de solidariedade com os trabalhistas, o Partido Conservador anunciou que não apresentará candidato contra o representante trabalhista na eleição parlamentar para substituir Jo Cox na circunscrição onde ela havia sido eleita.
Embora a polícia britânica classifique o caso como “um ato isolado” e não tenha se pronunciado sobre suas motivações políticas, a mídia britânica e norte-americana reuniu indícios mostrando que o assassino de Jo Cox, talvez meio desequilibrado, teve ligações com grupos anti-europeus e racistas de extrema-direita.
Além de aparecer como um raro homicídio político vitimando um parlamentar, a morte de Jo Cox foi ainda tornada mais trágica pela sanha de seu assassino, que, depois de baleá-la, esfaqueou-a várias vezes. O drama acontece a uma altura em que Nigel Farage, líder do partido anti-europeu UKIP, assume um tom cada vez mais xenófobo.
Na última semana, o site do "Financial Times", que reúne o conjunto de pesquisas sobre o Brexit, passou a indicar a vitória do campo anti-europeu por um “reduzido favoritismo”. Mas a maioria dos observadores estima que a emoção causada pelo assassinato de Jo Cox motivará os abstencionistas e poderá dar uma vitória aos pró-europeus no referendo da próxima quinta-feira.
Em todo o caso, as bolsas europeias, a libra esterlina e os títulos de rendimento fixo alemães subiram nesta sexta-feira (17) com as notícias mais favoráveis para os partidários da permanência na UE.
Afora as ameaças que a radicalização da campanha do referendo faz pesar sobre a vida política britânica, o Brexit poderá colocar em questão a unidade do país. Como é sabido, os escoceses são majoritariamente pró-europeus. Um artigo do "New York Times" observa ainda que os eleitores da Irlanda do Norte, nação constitutiva do Reino Unido, ao mesmo título que a Escócia, também são hostis ao Brexit.
Na circunstância, a eventual saída do Reino Unido da UE relançará o movimento independentista escocês, derrotado no referendo de setembro de 2014, e atrapalhará a política de integração entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda iniciada em 1998, depois de um longo e sangrento conflito opondo católicos e protestantes.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.