Topo

Respeito aos rivais e concentração em superá-los são fórmula para o sucesso

11.jul.2012 - O bilionário britânico Richard Branson posa em frente a um modelo de aeronave da Virgin Galactic em Hampshire, na Inglaterra - AFP/Adrian Dennis
11.jul.2012 - O bilionário britânico Richard Branson posa em frente a um modelo de aeronave da Virgin Galactic em Hampshire, na Inglaterra Imagem: AFP/Adrian Dennis

Richard Branson

06/11/2014 00h01

Se você quiser ser bem-sucedido nos negócios, você precisa acolher seus concorrentes de braços abertos –só não se deixe atropelar por eles. Consiga o equilíbrio certo entre respeito aos rivais e a concentração em como superá-los, e você terá uma fórmula vencedora.

Não é incomum um empreendedor se tornar excessivamente preocupado com o que seus concorrentes estão fazendo. Abrir um negócio significa muito trabalho e é fácil se convencer de que o gramado de seus concorrentes é mais verde que o seu (e até mesmo ficar obcecado em espiar do outro lado da cerca para ver o que estão fazendo). Esses sentimentos atendem a um propósito importante: ao realizar uma pesquisa de mercado sobre seus concorrentes, você pode trabalhar para descobrir como fornecer um produto ou serviço superior. Esse é o motivo para eu às vezes viajar em outras companhias aéreas –com frequência, grandes ideias surgem quando você nota um problema enfrentado pelo concorrente e você tenta encontrar uma boa solução.

Apesar de ser benéfico ficar de olho na concorrência, você precisa se manter focado em sua própria equipe, assim como em seus próprios produtos e serviços. Empresas que buscam sempre se igualar às demais sempre estarão um passo atrás, e isso pode promover uma cultura basicamente reacionária. Empresas que são reacionárias acabam ignorando a inovação e podem rapidamente se tornar irrelevantes para os consumidores. Afinal, qual o sentido de comprar algo de você, se outra empresa já faz isso melhor? Demonstre ambição, dedique algum esforço à criatividade e se concentre no desenvolvimento da próxima coisa grande, e sua empresa despontará como aquela que os outros querem copiar.

Ao longo dos anos na Virgin, nós travamos muitas batalhas com nossos concorrentes –e acolhemos todos eles. Às vezes o que começa como uma oposição amistosa se transforma em antagonismo. A chave para lidar com casos como esses é saber quando tomar uma posição e quando rir a respeito.

Aqui está um exemplo. Eu fui recentemente à Cidade do México para ajudar no lançamento de nossa nova empresa, a Virgin Mobile Mexico. Antes da minha chegada, um concorrente vazou uma história falsa de que lançaríamos a "Virgin Tacos" ali. Essa empresa não existe, é claro, mas em vez de fazer estardalhaço a respeito, eu me encontrei com alguns dos principais blogueiros do México para um almoço (nós comemos tacos, é claro!), apresentei a eles alguns membros de nossa equipe e expliquei porque nossa companhia de telefonia móvel pode fornecer aos consumidores algo diferente dos concorrentes.

Eu prefiro ser direto, mas quando se trata de lidar com a concorrência, às vezes seu argumento pode ser mais bem comunicado por meio da sutileza. O lançamento viral da companhia aérea BLAH neste ano é um grande exemplo. Abaixo de um slogan profundamente não inspirador que assegura aos passageiros que "nós chegaremos lá", o site desajeitado da BLAH lista algumas poucas características "especiais" em seus voos, como janelas e braço nos assentos. Essa empresa tediosa e sem graça também lançou no mês passado um vídeo de seis horas mostrando como era cada minuto torturante em um voo da  BLAH.

As pessoas rapidamente perceberam que a Virgin America estava por trás da coisa toda. Muitas disseram que a BLAH parecia nossas concorrentes reais e acentuava o quanto a Virgin America é diferente. Com um pouco de imaginação e sutileza, nossa equipe superou a concorrência –sem mencionar nominalmente qualquer empresa.

De fato, o setor de aviação civil é um que prospera com a concorrência. As batalhas da Virgin Australia com a Qantas são bem-documentadas, assim como a antiga rivalidade da Virgin Atlantic com a British Airways. Na verdade, nossos esforços para estabelecer a Virgin Atlantic como a principal companhia aérea do Reino Unido afetaram profundamente a British Airways. Após a famosa campanha de "truques sujos" dela contra nós nos anos 90 –que incluiu passageiros espezinhando e plantando histórias hostis na imprensa contra a Virgin– nós a processamos e posteriormente o assunto foi resolvido por acordo fora do tribunal. As indenizações recebidas foram todas distribuídas aos nossos funcionários, no que se tornou conhecido como "Bônus de Natal da British Airways"!


Há dois anos, Willie Walsh, que atualmente comanda a British Airways, reacendeu nossa rivalidade ao apostar que a marca Virgin Atlantic desapareceria em cinco anos. Aquele que perder receberá do vencedor um chute no saco.

A Virgin Atlantic lançou recentemente nosso novo avião Dreamliner em Atlanta, e nós transmitidos ao vivo por streaming o primeiro concerto realizado sobre o Atlântico em um voo, de modo que não pude resistir a apontar para Willie que estamos passando de um ponto alto a outro. Eu o aconselhei a investir em calças mais resistentes!

Essa não é a primeira aposta que faço com um concorrente e nem será a última. É uma ótima forma de manter um espírito competitivo, manter sua posição e, mais importante, se divertir ao longo do caminho. Lembre-se, leve sua concorrência a sério –mas não a si mesmo.

(Richard Branson é o fundador do Virgin Group e de empresas como Virgin Atlantic, Virgin America, Virgin Mobile e Virgin Active. Ele mantém um blog no endereço www.virgin.com/richard-branson/blog. É possível acompanhá-lo no Twitter em twitter.com/richardbranson. Para saber mais sobre o Virgin Group: www.virgin.com)