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No mercado de trabalho, o desempenho médio não será mais aceito

10/08/2012 00h01

Existe hoje um grande desajuste entre como os diretores executivos das empresas norte-americanas olham para o mundo e como muitos políticos e pais olham para o mundo – e este desajuste pode estar nos impedindo de assumir nosso desafio de educação tão seriamente quanto precisamos.

Para muitos políticos, “terceirização” é uma palavra feia, porque envolve os empregos saindo “daqui” e indo para “lá”. Mas muitos empresários não têm mais essa perspectiva. No mundo absolutamente conectado de hoje, não existe mais “interno” e “externo”. Só tem lugares “bons”, “melhores” e o “melhor de todos” para se produzir e, se eles não encontrarem o lugar mais eficiente em relação aos custos, onde quer que seja, seus competidores encontrarão.

Para os políticos, o importante é ser “fabricado nos EUA”, mas, para os empresários, as coisas são “fabricadas no mundo” –um mundo onde cada vez mais produtos são imaginados em toda parte, desenhados em toda parte, manufaturados em toda parte com cadeias de fornecedores mundiais e vendidos em toda parte. Os políticos norte-americanos ainda são cidadãos de nossos Estados e cidades, enquanto os empresários são cada vez mais cidadãos do mundo, com fidelidades mais amplas. Para os políticos, todos seus clientes estão aqui; para os diretores executivos, 90% de seus novos clientes estão no exterior. O credo do político hoje é: “Por que você não está contratando mais pessoas aqui?” O credo do diretor executivo hoje é: “Você só contrata alguém –em qualquer lugar - se absolutamente estiver precisando”, se não houver uma máquina mais inteligente, um programa de computador ou robô para fazer o trabalho.

Isso é uma simplificação, mas a tendência é clara. A tendência é que, para cada vez mais empregos, não se aceita mais um desempenho médio. Graças às fusões, aos avanços na globalização e a revolução da tecnologia da informação, cada patrão hoje tem acesso fácil e barato a softwares, automação, robótica, trabalho barato e cabeças mais baratas do que nunca. Então, apenas fazer um trabalho de forma mediana não dará mais um estilo de vida mediano. Sim, eu sei, foi isso que disseram sobre a “ameaça” japonesa nos anos 80. Mas o Japão só desafiou duas indústrias –de carros e eletrônicos-  e apenas uma cidade americana, Detroit. A globalização e a revolução da Internet/telecomunicações/computação desafiam todas as cidades, cada trabalhador e seu emprego. Não há um bom emprego hoje que não exija uma formação cada vez maior para conquistá-lo e mantê-lo.

É por isso que é perturbador quando novos estudos mostram que as escolas K-12 norte-americanas continuam a ficar para trás em relação a outros grandes países industrializados nos testes de educação internacionais. Como os políticos, também muitos pais acham que, se a escola de seu filho está melhor do que a vizinha, está tudo bem.

Bem, uma dose de realidade está a caminho, graças a Andreas Schleicher e sua equipe da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, que coordena o programa de Avaliação de Estudantes Internacionais, conhecido como o teste Pisa. A cada três anos, a OCDE vem submetendo uma amostra de estudantes de 15 anos de idade ao teste Pisa, em 70 países, para avaliar leitura, matemática e habilidades científicas. Os EUA não se sobressaem. Estão apenas na média , mas muitos pais têm certeza que seus filhos estão acima da média. Com a ajuda de várias fundações nos EUA, Schleicher acaba de terminar um estudo piloto em 100 escolas americanas para capacitar os diretores das escolas, os professores e pais a verem não apenas como os EUA se comparam com a China, mas como sua própria escola se compara contra escolas similares nos países de melhor formação educacional, como Finlândia e Cingapura.

“O bilhete de entrada na classe média hoje é algum tipo de formação de terceiro grau”, mas muitas crianças que estão saindo das K-12 não preparadas para isso, e muitos pais não entendem, diz Jon Schnur, diretor da America Achieves. A organização é parceira da OCDE nesse projeto, como parte de um esforço para ajudar todo americano a compreender a conexão entre as conquistas educacionais em suas escolas –para todas as faixas etárias - e o que será exigido para desempenhar seus trabalhos do futuro.

“Imagine, em alguns anos, você vai pode entrar em um site e ver como sua escola se compara com outra em qualquer outra parte do mundo”, diz Schleicher. “E depois você leva essa informação para seu superintendente local e pergunta: “Por que não estamos nos saindo tão bem quanto às escolas na China ou na Finlândia?”

A equipe de Schleicher está avaliando todos os resultados – e os perfis econômicos de cada escola - para se assegurar que têm os dados adequados para fazer comparações mundiais. Ela espera ter uma plataforma de comparação disponível no início do ano que vem.

“Se os pais não souberem, não vão exigir um serviço educacional de alta qualidade. Eles vão apenas dizer que a escola dos filhos é tão boa quanto a que frequentaram”. Se essa plataforma de comparação puder ser feita, diz ele, poderá dar aos pais, diretores e professores força para exigirem algo mais, disse Schleicher.

“O projeto não visa ameaçar as escolas”, acrescenta. Ele visa dar a cada uma delas “as alavancas para efetuarem mudanças” e o ritmo de reforma que é possível quando cada participante em uma escola tem os dados e pode dizer: “Veja como outros fizeram melhorias dramáticas no mundo todo. Por que nós não podemos fazer o mesmo?”