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Com medo de represálias, Bloco Soviético desiste de desfilar em SP

Foliões participam do desfile do Bloco Soviético - Daniel Lisboa - 18.fev.2017/UOL
Foliões participam do desfile do Bloco Soviético Imagem: Daniel Lisboa - 18.fev.2017/UOL

Olívia Dantas

Colaboração para o UOL, de São Paulo

08/01/2019 19h23

O Bloco Soviético anunciou que estará fora do Carnaval 2019 por medo de colocar em risco a integridade de seus componentes. O grupo criado em 2013 ficou conhecido por brincar com temas relacionados à política e, ao anunciar que não estará na folia, soltou um comunicado sarcástico dizendo que vai para Cuba "onde a esquerda é mais feliz".

No ano passado, o bloco também ficou fora, mas por causa de problemas burocráticos com a prefeitura. Em 2017, ao homenagear os cem anos da Revolução Russa, o Bloco Soviético reuniu cerca de 20 mil pessoas, segundo a organização.

"Dada a mudança radical de contexto que vivemos de 2013 para cá, achamos que nossa piada essencial se esgotou. Não é mais engraçado brincar de comunismo recreativo quando a acusação de ser comunista se tornou efetivamente perigosa -por mais patético que isso seja- e é usada amplamente pelas forças políticas horríveis que ascenderam ao poder no país", diz o comunicado dos organizadores.

"É hora de o Bloco Soviético sair de cena e partir para Cuba, onde a esquerda é mais feliz, em busca da revolução. Um desfile do nosso bloco a partir de agora, mesmo que clandestinamente, acabaria atraindo atenções sem espírito carnavalesco, colocando em risco físico integrantes e foliões, o que seria uma temeridade e, no limite, uma irresponsabilidade", completa.

No anúncio publicado na rede social, os organizadores criticam ainda a onda conservadora no Brasil. "Ficaremos torcendo para que o Carnaval de rua de São Paulo tenha força e espontaneidade. E que nossos amigos dos tantos outros blocos se divirtam e façam essa cidade ainda mais colorida e divertida, esquecendo por ao menos alguns dias esse ranço conservador normativo que tomou conta do país." E, no fim, a despedida: "Até a vitória, camaradas!".

O anúncio deixou muitos internautas tristes. Um chegou a convocar a criação do Black Bloco, em resistência. "Sem líder, sem Deus, sem autorização da prefeitura."
 

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