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Vai-Vai segue em ritmo normal após episódio de agressão a mulher em ensaio

Quadra da Vai-Vai no Bixiga na noite de domingo (20) - Edson Lopes Jr./UOL
Quadra da Vai-Vai no Bixiga na noite de domingo (20) Imagem: Edson Lopes Jr./UOL

Mateus Araújo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

21/01/2019 08h05

O clima era de confraternização e festa, neste domingo (20), na sede da Vai-Vai, no Bixiga. Um dia após o episódio de agressão durante o ensaio técnico no sambódromo do Anhembi - no qual um segurança da diretoria puxou os cabelos de uma mulher e a empurrou - a comunidade realizou a festa da bateria e recebeu como convidados a escola Império de Casa Verde. 

Embora nota divulgada pela agremiação na tarde do domingo, o assunto foi evitado na quadra da Vai-Vai. Mas ainda assim, a reportagem do UOL conseguiu conversar com Grazi Brasil, intérprete da escola e única mulher a ocupar esse posto entre as escolas de samba de São Paulo. Ela falou sobre sua presença na Vai-Vai e o espaço conquistado. 

Grazzi Brasil, interprete do samba da Vai-Vai - Edson Lopes Jr./UOL - Edson Lopes Jr./UOL
Grazzi Brasil, interprete do samba da Vai-Vai
Imagem: Edson Lopes Jr./UOL
Grazzi Brasil diz que enfrentar o machismo "não é fácil" num espaço majoritariamente masculino, mas se diz realizada e feliz no posto que ocupa. "São muitas críticas, desconfianças, mas também há elogios."

Há três anos, Grazi canta na Vai-Vai. Começou interpretando o enredo em homenagem à ialorixá baiana Mãe Menininha do Gantois. "É o samba de minha vida", afirma. 

No sábado (19), um vídeo com imagens do segurança da diretoria da agremiação puxando cabelo de uma integrante chocou as pessoas nas redes sociais. O que é um caso isolado e não tem nada a ver com a política da agremiação, segundo os integrantes dela. 

"Só cheguei a esse lugar [de intérprete]  pelo meu esforço e pelo apoio da diretoria e da presidência da escola",  conta. Mulher negra, a cantora é também um espelho para muitas pessoas da comunidade - muitas delas crianças. 

"Seu Penteado [baluarte da Vai-Vai] diz que estamos de volta às raizes. Antes de ter microfone, eram as mulheres que puxavam o samba. E eu sou a primeira mulher a puxar o samba, desde que começaram a usar microfone", lembra ela, que se diz "muito feliz".

São Paulo