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Com grito contra homofobia, bloco de Preta Gil estreia em São Paulo

Carlos Minuano*

Colaboração para o UOL, em São Paulo

10/03/2019 14h38Atualizada em 10/03/2019 19h10

Uma multidão com celulares para cima na esperança de um bom clique cercou Preta Gil por volta das 13h30 quando ela chegou para a estreia de seu bloco no Carnaval de rua de São Paulo, que fecha hoje o pós-Carnaval, na praça do Obelisco, em frente ao Parque do Ibirapuera. 

A gritaria e a quantidade de cliques não espantaram a artista que sorriu e mandou beijos para o público. O momento para ela é mesmo de festa. São dez anos de Carnaval. Isso no bloco, porque folia a filha de Gilberto Gil conhece desde pequena.

O Bloco da Preta seguiu com o desfile até as 18h com uma multidão se sacudindo em volta. Com convidados especiais e muitos ritmos, a diversidade marcou o primeiro desfile do bloco no Carnaval de rua de São Paulo. Tudo junto e misturado. Do axé ao funk. 

Convidada especial: Lexa

Lexa participa do Bloco da Preta - Francisco Cepeda/AgNews - Francisco Cepeda/AgNews
Lexa participa do Bloco da Preta
Imagem: Francisco Cepeda/AgNews

E Preta ainda recebeu uma convidada em situação especial. Pouco depois de saber que Lexa havia sido vítima de um golpe em seu trio, Preta convidou a cantora para ir cantar em seu bloco. "Para mim esse é o maior sentido da vida, um ajudar o outro", disse antes de convidar Lexa ao palco. "Vocês não vão ficar sem a Lexa, ela vai cantar e brilhar, que é o que ela merece. Meu bloco é dela".

A batida do funk tomou conta do bloco em vários momentos do desfile. O ex-Banda Uó Mateus Carrilho e o carioca MC G7 também ajudaram a acender ainda mais os foliões. Pouco antes de encerrar, Preta Gil voltou a pedir um "não" contra a homofobia e emendou "Sinais de Fogo". 

Com beijos para policiais, bombeiros, pessoal da limpeza, ambulantes, organização e pedidos de salvas de palmas para toda a equipe, imprensa e para os fãs, Preta fechou o desfile com sucessos como "Vou Festejar", de Beth Carvalho, "É Hoje", canção da União da Ilha do Governador, "País Tropical" de Jorge Ben Jor, e "Não Quero Dinheiro", de Tim Maia.

Porém, o bloco da Preta terminou mesmo com protesto contra o governo. Em ritmo de samba, bateria e foliões em um coro de mais de cinco minutos mandaram o recado: "Ei, Bolsonaro, vai tomar no c*". Segundo a organização,180 mil pessoas estiveram na festa.

Na sintonia do amor

"Foi o melhor Carnaval da minha vida", disse Preta ao UOL, logo que encerrou o desfile. "Foi o melhor e o mais perfeito em todos os sentidos", reforçou. "Terminar em São Paulo, como foi hoje, foi um presente divino, literalmente, terminamos com um arco-iris no céu abençoando o bloco", acrescentou Preta visivelmente emocionada. 

Ela também elogiou a qualidade do público. "É nosso espelho", disse. "Acreditam no mesmo que eu, na inclusão, diversidade, no amor e respeito", completa a artista. "E foi isso o que vimos aqui, famílias, crianças, senhores e senhoras, casais heteros, gays, travestis, cadeirantes, deficientes, e todos ligados na mesma sintonia do amor".

Preta também disse que o balanço desses anos do bloco é totalmente positivo, de conquista. "Começamos sem nenhuma pretensão, mas eu tinha vontade de levar para o meu Rio tudo o que eu vivi nos carnavais da minha infância e adolescência na Bahia, que foi muito forte e importante na minha vida", declarou.

Para ela, fechar a folia na capital paulista é uma forma de coroar os dez anos do bloco e celebrar a união das duas cidades. "Hoje estou realizando um sonho, de trazer o bloco para as ruas de São Paulo, isso só é possível porque tenho vocês", disse a artista.

*Com colaboração de Adriana de Barros

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