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Painel que discute mudanças climáticas prepara seu documento final

Por Emmanuel Angleys

03/05/2007 10h46

BANGCOC, 3 mai (AFP) - Os especialistas mundiais do clima reunidos em Bangcoc completavam nesta quinta-feira a mensagem que divulgarão na sexta-feira sobre a maneira de combater o aquecimento global, com um esforço para superar certas divergências, sobretudo no que diz respeito aos custos.

Os delegados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) estão elaborando um "resumo dirigido aos que decidem", uma síntese de 20 páginas do informe sobre "as medidas de atenuação" do aquecimento global em curso, o terceiro capítulo do quarto relatório de avaliação do IPCC.

"A Arábia Saudita não está presente e isto permitiu acelerar as coisas", comentou um delegado de um país ocidental que pediu anonimato, destacando que os delegados deste país árabe eram habitualmente muito ativos neste tipo de reunião.

"A questão dos custos é o ponto de divergência principal", afirmou uma fonte presente nas discussões. "Certos países vêem nisto uma ameaça escondida, enquanto outros, pelo contrário, o consideram uma oportunidade", acrescentou.

Neste sentido, a China mostrou seu peso desde o início da conferência de Bangcoc. Os delegados de Pequim queriam qualificar o conhecimento dos custos como algo pouco seguro, de acordo com o mesmo delegado.

A China apresentou mais de dez emendas ao documento preparatório da reunião de Bangcoc, a respeito das avaliações dos custos da luta contra a mudança climática e a magnitude dos meios disponíveis, tal como foram apresentados no projeto de resumo enviado aos delegados.

Os chineses consideram que estas avaliações não são seguras, segundo os cientistas.

De acordo com várias alternativas apresentadas no projeto de resumo, o custo para estabilizar as emissões de gases que provocam o efeito estufa seria de entre 0,2% e 3% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial até 2030.

Entre as outras divergências figura a recordação dos países em desenvolvimento sobre a responsabilidade histórica das nações industrializadas nas emissões mundiais de CO2 e em matéria nuclear.

"Tivemos longos debates sobre o tema nuclear. Há países que são decididos opositores e não gostam muito que se diga que a energia nuclear é uma das opções para combater a mudança climática", disse o delegado francês Renaud Crassous.

Dois grupos de trabalho do IPCC já expuseram suas conclusões, em 2 de fevereiro passado, em Paris, onde se constatou inequivocamente que o planeta está se aquecendo, e em 6 de abril, em Bruxelas, onde se alertou sobre as graves conseqüências deste fenômeno para a vida humana.