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BP inicia operação para tapar poço no Golfo do México

De Nova Orleans, EUA

03/08/2010 20h40

A petroleira britânica BP começou nesta terça-feira sua operação para tentar selar permanentemente com cimento seu poço no Golfo do México, cujo vazamento está causando o pior desastre ambiental da história americana.

"A BP começou" as atividades nesta terça-feira "como parte das operações" para a selagem do poço, disse a empresa em comunicado.

A operação consiste em injetar líquidos e matérias sólidas no duto danificado para posteriormente selá-lo com cimento.

De acordo com os dirigentes do grupo, os resultados da operação "static kill" devem sair em algumas horas e se a intervenção for bem-sucedida, deflagará outra operação, denominada "bottom kill", entre os dias 11 e 15 de agosto.

A "bottom kill" permitirá a confirmação do sucesso, ou do fracasso, da tentativa de cimentar o poço principal através de secundários.

Em julho, a BP instalou uma espécie de receptáculo ou "funil" que interrompeu o vazamento.

A BP prevê continuar com o plano de construção do poço auxiliar para interceptar eventuais infiltrações.

Na véspera, a BP anunciou a descoberta de um pequeno escapamento hidráulico no nível do tampo do poço, o que retardou o processo de intervenção.

Mas hoje, o almirante Thad Allen, encarregado da luta contra a maré negra pelo governo americano, informou que o vazamento foi interrompido durante a noite e que os trabalhos poderiam prosseguir.

Enquanto a BP tenta encerrar de vez o vazamento, novos dados oficiais confirmam que a explosão e naufrágio da plataforma Deepwater Horizon provocou a pior mancha de óleo da história dos Estados Unidos.

Um total de 4,9 milhões de barris (780 milhões de litros) vazaram no mar, enquanto apenas 800.000 barris (127 milhões de litros) foram recuperados.

Segundo a lei americana, a BP pode ser obrigada a pagar de 1.100 dólares a 4.300 dólares de multa por barril derramado e não recuperado, se for provado que o grupo foi culpado por negligência, o que quer dizer uma multa total que pode atingir até 17,6 bilhões de dólares.

O grupo informou nesta terça-feira ter recentemente enviado faturas ainda não pagas, de um total de 1,67 bilhão de dólares, aos seus parceiros no golfo do México, Mitsui e Anadarko, para que eles ajudassem nas despesas.

Apesar da esperança de virar, enfim, a página da catástrofe, os americanos continuam preocupados com as consequências ecológicas em longo prazo, principalmente depois da publicação, no sábado, de documentos pelo Congresso sobre o uso de dispersantes.

Segundo a BP e as autoridades americanas, quase 7 milhões de litros de dispersantes foram utilizados. Mas Edward Markey, presidente democrata de uma subcomissão para o meio ambiente da Câmara dos Representantes, declarou nesta segunda-feira para o canal CNN que esses números são questionáveis.

De acordo com uma pesquisa realizada pelo Centro Nacional de Preparação para Catástrofes (NDCP) com 1.200 habitantes das zonas atingidas, 40% deles disseram terem sido afetados diretamente.

Pais entrevistados também apontaram problemas de saúde dos filhos: erupções cutâneas, dificuldades respiratórias, tristeza, nervosismo e ainda dificuldades para dormir.

chl/sd/lb/LR