Topo

Cientistas buscam maneiras de desviar asteroides da Terra

Em Tolosa, na França

15/02/2013 14h47

Como evitar uma colisão entre a Terra e um asteroide? Os cientistas de países da Europa, da Rússia e dos Estados Unidos buscam a melhor maneira de desviar qualquer corpo celeste que possa ameaçar nosso planeta, como o que aniquilou os dinossauros há bilhões de anos.

"Ninguém busca detonar um asteroide. Isto não é Hollywood, e este remédio pode ser pior que o próprio mal, ao multiplicar os riscos" com a fragmentação do objeto, explicou em o cientista francês Erwan Kervendal, responsável por este dossiê no Astrium, que forma parte do EADS, o primeiro grupo europeu de aeronáutica e defesa.

Enquanto esperam que um asteroide de 45 metros de diâmetro e 135 mil toneladas de peso passe muito perto da Terra nesta sexta-feira (15) - sem riscos de colisão com o planeta, já que passará a quase 30 mil quilômetros de distância -, os cientistas examinam três opções para desviar um objeto que possa ameaçar o planeta, segundo Kervendal.

Os europeus trabalham sobre uma opção que consiste em "atacar o objeto celeste a uma grande velocidade, cerca de 30 mil quilômetros por hora, perto de seu centro de gravidade, sob um ângulo particular para fazê-lo desviar", explicou Kervendal, que dirige o projeto "de impactador cinético" no Astrium.

Os cientistas americanos trabalham, por sua vez, sobre a atração que pode ser exercida por um veículo espacial colocado por muito tempo perto do asteroide, e que funcionaria como um "trator de gravidade", segundo o especialista do Astrium.

Os russos estudam uma terceira opção, que consiste em um desvio da trajetória por efeito do sopro vinculado a uma explosão perto do asteroide.

Os cientistas e industriais vão se reunir em março, em Bruxelas, para discutir estas opções, anunciou o especialista.

Nesta reunião, será feito "o primeiro balanço anual do programa da União Europeia NEO-Shield (Escudo contra os objetos próximos da Terra), ou geocruzeiros", lançado com uma duração de três anos no início de 2012", indicou Kervendal.

"Cada um trabalha sobre um eixo, mas vamos juntar nossos conhecimentos e nossos dados matemáticos", afirmou o cientista francês, ressaltando que não se trata de uma concorrência entre as equipes, mas de uma colaboração.

Depois que o conceito "mais eficaz e realizável industrialmente" for escolhido, em meados de 2015, serão necessários ainda muitos anos para encontrar uma solução operacional, admitiu.

"Se a UE [União Europeia] aceitar a proposta, um demonstrador será lançado até 2020 para validar a opção escolhida e mostrar que consegue alcançar um objeto, provavelmente para além de 36mil quilômetros de altitude, onde giram os satélites de comunicações", explicou.

"Em função do interesse de nossos dirigentes, e uma vez demonstrado que funciona, passaremos para a etapa de financiamento do desenvolvimento da tecnologia operacional", acrescentou o responsável da Astrium, que considerou prematuro fornecer mais detalhes sobre o estudo e os prazos.

Se colidisse com nosso planeta, o asteroide 2012 DA 14, que passará perto da Terra na tarde de hoje, produziria danos comparáveis ao que destruiu a selva siberiana, em um raio de 20 quilômetros, em 190, por uma onda de choque equivalente a centenas de vezes a bomba de Hiroshima.

O meteorito que se chocou contra a península de Yucatán há 66 milhões de anos - e que seria responsável pela extinção dos dinossauros - media dez quilômetros de diâmetro.