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Nosso Sistema Solar é uma exceção em nossa galáxia

Em Washington

07/01/2014 10h50

Os exoplanetas, que possuem certas características similares às da Terra e que em sua maioria foram descobertos pelo telescópio americano Kepler, são os mais frequentes em nossa galáxia, mas inexistentes em nosso Sistema Solar, o que significa uma exceção cósmica, segundo os astrônomos.

Mais de três quartos dos potenciais planetas detectados pelo Kepler têm um tamanho que vai desde o da Terra até o de Netuno, cerca de quatro vezes maior.

Tais planetas dominam o censo galático, mas são ausentes em nosso sistema solar, destacam os astrônomos, que reconhecem ignorar até o momento como esses exoplanetas foram formados e do que são compostos. Poderiam ser rochosos, gasosos ou constituídos por água.

Os cientistas divulgaram os resultados de quatro anos de observações com telescópios terrestres para confirmar as descobertas de exoplanetas realizadas pelo telescópio Kepler e apresentaram seus trabalhos na conferência anual da American Astronomical Society, reunida esta semana em Washington.

"Esta maravilhosa enxurrada de dados sobre esses planetas conhecidos como 'mini-Netunos' nos revela, na maioria das vezes, apenas a estrutura que os envolve", explicou Geoff Marcy, professor de astronomia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que dirigiu as análises de alta precisão realizadas no terreno.

"Mas nós ainda enfrentamos questões difíceis, tais como saber como esses planetas enigmáticos se formaram e por que o nosso sistema solar é desprovido deles, apesar de serem os mais numerosos na galáxia", destacou.

Utilizando um dos mais poderosos telescópios terrestres a partir do "Observatório Keck", no Havaí, os cientistas confirmaram a presença de 41 exoplanetas descobertos por Kepler e determinaram a massa de 16 deles.

Com a massa e o diâmetro, deduziram a densidade destes planetas caracterizados como rochosos, gasosos, ou uma combinação de ambos.

As medições da densidade poderiam determinar a composição desses planetas estranhos.

Desta forma, as medições de densidade sugerem que estes "mini-Netunos" têm um núcleo rochoso, mas que as proporções de hidrogênio, hélio e moléculas ricas em hidrogênio na camada externa variam grandemente, e em alguns casos não tem camada exterior.

Ambiente propício para a vida

Os astrônomos também anunciaram a descoberta de cinco novos exoplanetas rochosos de um tamanho que varia de 10% a 80% a mais do que a Terra, mas nenhum deles é habitável. São muito quentes por estarem localizados muito próximos a sua estrela.

Os primeiros resultados das análises sugerem que a maior parte dos planetas cujo raio é menor do que 1,5 vezes o da Terra poderia ser formado por silicatos, ferro, níquel e magnésio, encontrados nos planetas do nosso sistema solar.

Com esta informação em mãos, os cientistas poderiam encontrar estrelas que hospedam planetas irmãos da Terra, o que poderia propiciar a descoberta de um ambiente adequado para a vida fora do nosso sistema solar, ressaltam os cientistas.

Em novembro, os astrônomos tinham estimado em bilhões o número de planetas do tamanho da Terra em órbita em torno de estrelas como o sol em nossa galáxia que seriam potencialmente habitável.

Segundo um modelo computadorizado, uma estrela entre cinco semelhantes ao Sol na Via Láctea, que tem cerca de 5 bilhões, é orbitada por um planeta cujo tamanho é semelhante ou próximo da Terra, e que não estão nem muito longe nem muito perto de sua estrela, permitindo temperaturas em que a água poderia existir, o que os torna potencialmente habitáveis.

Estes astrônomos basearam-se em dados dos três primeiros anos de observação realizados por Kepler, atualmente fora de serviço.

Kepler foi lançado em 2009 para observar mais de 100.000 estrelas parecidas a nosso Sol situadas nas constelações de Cygnus e de Lira, mas registrou um defeito mecânico que o tirou de operação em meados de 2013.