Genética lança luz sobre história dos pigmeus
PARIS, 07 Fev 2014 (AFP) - Cientistas conseguiram preencher uma lacuna na História dos pigmeus da África Central, cujo passado é um dos mais obscuros de todas as comunidades no mundo.
Segundo uma análise genética, em um período-chave da odisseia humana, estas tribos de caçadores coletores evitaram a miscigenação com comunidades falantes de Bantu, composta por fazendeiros precoces.
Os dois grupos se encontraram pela primeira vez quando grupos Bantu, que adquiriram tecnologia agrícola 5.000 anos atrás, começaram a se mudar da região da Nigéria e de Camarões para o leste, o centro e o sul da África oriental.
A maioria de outros caçadores-coletores que encontraram logo adotaram o estilo de vida agrícola, sedentário, e até mesmo os idiomas dos grupos Bantu.
Mas algumas poucas populações, como os pigmeus da floresta tropical na África central mantiveram seu estilo de vida tradicional e nômade.
Os pigmeus podem ter comercializado cerâmica, ferramentas e ideias com os recém-chegados, mas não compartilharam com eles seus genes, destacou o estudo, publicado esta semana no periódico Nature Communications.
A evidência veio de uma leitura do DNA de cerca de 300 indivíduos - pigmeus e falantes de Bantu de Gabão, Camarões, Uganda, República Centro-africana e República Democrática do Congo.
"Este resultado sugere que as relações sociais estabelecidas desde que os dois grupos se encontraram rapidamente foram seguidas de um forte tabu contra o casamento inter-racial que, de alguma forma, ainda se observou atualmente", declarou à AFP o coautor do estudo, Etienne Patin, geneticista do Instituto Pasteur da França.
"Estudos antropológicos sugeriram que o tabu pode ter algo a ver com a imagem que os aldeões têm dos pigmeus como portadores de mágica florestal, mas também da desaprovação de seu estilo de vida" como caçadores-coletores nômades, acrescentou.
Não ficou claro porque o tabu parece ter sido parcialmente suspenso cerca de mil anos atrás.
O padrão observado na África central foi muito diferente daquele que ocorreu no sul do continente, onde os encontros com os fazendeiros conquistadores e os caçadores-coletores San "resultaram em trocas genéticas imediatas", destacou o estudo.
Pesquisas anteriores tinham demonstrado que o ancestral comum dos pigmeus e dos fazendeiros Bantu viveram de 60.000 a 70.000 anos atrás.
Os dois grupos passaram milhares de anos adaptando-se aos seus ambientes diferentes antes de se encontrar de novo.
As últimas descobertas desafiam o conhecimento aceito de que a diversidade genética está estreitamente correlacionada com a distância geográfica entre grupos humanos.
Os pigmeus da África central são um exemplo ilustrativo: há apenas cerca de 200 mil indivíduos no total, no entanto sua diversidade genética excede de longe o de seus vizinhos sedentários, destacou o estudo.
Os pigmeus Batwa, de Uganda, por exemplo, são geneticamente bem diferentes dos pigmeus Mbuti, que vivem a meros 500 km de distância, na República Democrática do Congo.
Os cientistas descobriram, mais adiante, que o genoma dos pigmeus poderia conter até 50% do DNA herdado de pessoas de origem Bantu.
E sua altura é diretamente proporcional à quantidade do DNA herdado por não-pigmeus - "geneticamente falando, quão menos pigmeu for um indivíduo, mais alto ele será", explicou Patin.
ban-mlr/ri/fb/mvv
Segundo uma análise genética, em um período-chave da odisseia humana, estas tribos de caçadores coletores evitaram a miscigenação com comunidades falantes de Bantu, composta por fazendeiros precoces.
Os dois grupos se encontraram pela primeira vez quando grupos Bantu, que adquiriram tecnologia agrícola 5.000 anos atrás, começaram a se mudar da região da Nigéria e de Camarões para o leste, o centro e o sul da África oriental.
A maioria de outros caçadores-coletores que encontraram logo adotaram o estilo de vida agrícola, sedentário, e até mesmo os idiomas dos grupos Bantu.
Mas algumas poucas populações, como os pigmeus da floresta tropical na África central mantiveram seu estilo de vida tradicional e nômade.
Os pigmeus podem ter comercializado cerâmica, ferramentas e ideias com os recém-chegados, mas não compartilharam com eles seus genes, destacou o estudo, publicado esta semana no periódico Nature Communications.
A evidência veio de uma leitura do DNA de cerca de 300 indivíduos - pigmeus e falantes de Bantu de Gabão, Camarões, Uganda, República Centro-africana e República Democrática do Congo.
"Este resultado sugere que as relações sociais estabelecidas desde que os dois grupos se encontraram rapidamente foram seguidas de um forte tabu contra o casamento inter-racial que, de alguma forma, ainda se observou atualmente", declarou à AFP o coautor do estudo, Etienne Patin, geneticista do Instituto Pasteur da França.
"Estudos antropológicos sugeriram que o tabu pode ter algo a ver com a imagem que os aldeões têm dos pigmeus como portadores de mágica florestal, mas também da desaprovação de seu estilo de vida" como caçadores-coletores nômades, acrescentou.
Não ficou claro porque o tabu parece ter sido parcialmente suspenso cerca de mil anos atrás.
O padrão observado na África central foi muito diferente daquele que ocorreu no sul do continente, onde os encontros com os fazendeiros conquistadores e os caçadores-coletores San "resultaram em trocas genéticas imediatas", destacou o estudo.
Pesquisas anteriores tinham demonstrado que o ancestral comum dos pigmeus e dos fazendeiros Bantu viveram de 60.000 a 70.000 anos atrás.
Os dois grupos passaram milhares de anos adaptando-se aos seus ambientes diferentes antes de se encontrar de novo.
As últimas descobertas desafiam o conhecimento aceito de que a diversidade genética está estreitamente correlacionada com a distância geográfica entre grupos humanos.
Os pigmeus da África central são um exemplo ilustrativo: há apenas cerca de 200 mil indivíduos no total, no entanto sua diversidade genética excede de longe o de seus vizinhos sedentários, destacou o estudo.
Os pigmeus Batwa, de Uganda, por exemplo, são geneticamente bem diferentes dos pigmeus Mbuti, que vivem a meros 500 km de distância, na República Democrática do Congo.
Os cientistas descobriram, mais adiante, que o genoma dos pigmeus poderia conter até 50% do DNA herdado de pessoas de origem Bantu.
E sua altura é diretamente proporcional à quantidade do DNA herdado por não-pigmeus - "geneticamente falando, quão menos pigmeu for um indivíduo, mais alto ele será", explicou Patin.
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