Pigmento de pinturas rupestres é usado para blindar sonda espacial
Um pigmento usado na antiguidade para pintar as paredes das cavernas pelos homens pré-históricos ajudará a blindar uma sonda não tripulada que vai fazer um sobrevoo perto do sol, reportou nesta quarta-feira a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês).
O fosfato de cálcio preto vem sendo adotado como escudo térmico da Solar Orbiter, uma sonda de monitoramento do sol, com lançamento previsto para 2017, para ajudar a proteger o veículo das temperaturas elevadíssimas a que será exposto durante sua missão.
O composto é feito de carvão obtido de ossos queimados, a mesma substância usada 30 mil anos atrás nas pinturas da Caverna Chauvet, no sul da França, acrescentou a ESA.
A Solar Orbiter vai se aventurar a 42 milhões de quilômetros do Sol, onde as temperaturas podem chegar a 520 graus Celsius.
Para sobreviver, a sonda terá que operar atrás de um escudo térmico com múltiplas camadas de titânio, cuja cor deve se manter inalterada durante toda a missão.
Uma mudança nas propriedades "termo-ópticas" do escudo - a forma como reflete ou absorve a radiação solar - poderia cozinhar os delicados equipamentos da sonda.
Queimar carvão foi a saída encontrada para evitar este dano, uma vez que sua cor preta é altamente estável, acrescentou a agência.
Em testes, a substância foi exposta a tudo, da luz solar e radiação ultravioleta à prova de aderência, com aplicação e retirada de uma fita adesiva para ver se nada sai do lugar, informou a ESA em um comunicado.
O "osso carbonizado" é usado até hoje, na produção de fertilizantes, na purificação do açúcar branco e na filtragem de metais pesados da água.
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