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Estudo revela que ciclones tropicais estão migrando para os polos

14/05/2014 17h51

PARIS, 14 Mai 2014 (AFP) - Os ciclones tropicais estão alcançando sua intensidade máxima mais longe do equador e mais perto dos polos, revelou um estudo publicado na revista Nature nesta quarta-feira.

Nos últimos 30 anos, o auge destas poderosas e destrutivas tempestades migraram para os polos a uma taxa de cerca de meio grau de latitude - 56 quilômetros - por década, afirmaram os autores deste estudo.

A mudança é maior nos Pacíficos norte e sul e no sul do Oceano Índico.

De acordo com os cientistas, não há evidências de uma mudança nos furacões do Atlântico Norte ou nos ciclones do norte do Oceano Índico, nem de qualquer mudança na frequência mundial dessas tempestades.

Os autores do artigo indicam que as implicações são extensas. Isso significa que as regiões que foram consideradas no passado relativamente livres de furacões podem ficar mais expostas.

As regiões mais próximas do equador podem correr menos risco de serem atingidas. Mas podem ser vítimas de estresse hídrico onde dependam das chuvas desses sistemas de tempestades.

"E mudanças relacionadas a posições onde as tempestades tocam a terra terão efeitos óbvios nos moradores e na infraestrutura costeira", acrescentou o artigo.

As evidências vêm de dados coletados entre 1982 e 2012 pela Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).

Os cientistas usaram como marco a localização da intensidade máxima de cada tempestade, ao invés de seu local de início ou duração, que podem ser difíceis de estabelecer com precisão.

A mudança coincide com um período em que o aquecimento global se intensificou e o cinturão tropical da Terra, cujos mares quentes alimentam furacões e tufões, expandiu-se.

"À medida que o cinturão migra para o polo, o que certamente ocorre, uma vez que os oceanos como um todo aquecem, as regiões de origem de ciclones tropicais devem ter mudado com ele", disse Kerry Emmanuel, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), co-autor do artigo.

"Mas temos mais trabalho a fazer antes de bater o martelo", concluiu.