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Cientistas descobrem esqueleto de dinossauro completo na Argentina

Em Paris

04/09/2014 15h34

Uma equipe de paleontólogos apresentou nesta quinta-feira (4) um dinossauro gigantesco que viveu há 77 milhões de anos na Patagônia argentina com o esqueleto "mais completo" encontrado até hoje.

Este novo dinossauro, descrito na revista Scientific Reports, pertence à família dos titanossauros - dinossauros herbívoros encontrados em grande número no período Cretácico Superior - na região em que esse fóssil foi descoberto em 2005, na província de Santa Cruz (sul). A Patagônia argentina é o local onde habitaram os maiores dinossauros da Terra.

Os cientistas estimam que o animal, que teria um pescoço muito comprido, media cerca de 26 metros de comprimento e pesava 60 toneladas. Seu esqueleto mostra também que quando morreu, ele ainda não teria parado de crescer.

Durante quatro sessões de escavações, entre 2005 e 2009, os palentólogos encontraram mais de 70% dos ossos, exceto os da cabeça, ou seja, mais de 45% do conjunto do esqueleto. Segundo os pesquisadores, é muito mais que os outros titanossauros descobertos anteriormente.

Os cientistas também têm praticamente todos os ossos dos membros inferiores e superiores, incluindo um fêmur de 1,80 metro e um úmero. Isso permitiu descrever detalhadamente o animal e calcular de forma confiável suas impressionantes medidas.

Kenneth Lacovara, da universidade americana de Drexel (Filadélfia), coordenou a equipe que estudou o fóssil. Seus principais colaboradores foram Matthew C. Lamanna, do Museu Carnegie de História Natural (Pittsburgh) e Lucio M. Ibiricu, do Centro Nacional Patagônico, na província argentina de Chubut (sul).

Este dinossauro foi batizado de Dreadnoughtus schrani. "Dreadnought" significa "que não teme nada" em inglês antigo.

"Com um corpo do tamanho de uma casa, o peso de uma manada de elefantes e uma cauda usada como arma, o Dreadnoughtus não devia ter medo de nada", explicou Lacovara.

A palavra "dreadnought" também é usada para designar um tipo de encouraçado desenvolvido no início do século passado.

O termo "schrani" é uma homenagem ao empresário Adam Schran, que apoiou as pesquisas.

"Os maiores titanossauros continuam a ser um mistério porque, em quase todos os casos, seus fósseis estão muito incompletos", lembrou Matthew Lamanna.

A massa do Argentinosaurus, por exemplo, era comparável e até superior à do Dreadnoughtus, mas poucos ossos foram encontrados.

"Este é de longe o melhor exemplar que temos de todos os animais gigantescos que andaram alguma vez por este planeta", declarou Kenneth Lacovara.

Para o estudo, o fóssil do Dreadnoughtus foi transferido para os Estados Unidos para ser analisado na universidade de Drexel e no Museu Carnegie de História Natural.

A universidade de Drexel indicou em um comunicado que o fóssil, que pertence ao governo federal argentino e deve permanecer na província de Santa Cruz, terá que ser devolvido ao Museu Padre Jesús Molina, em Río Gallegos, em 2015.