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Nave Orion, da Nasa, conclui com sucesso primeiro voo de teste

05/12/2014 16h22

CABO CANAVERAL, Estados Unidos, 05 dez 2014 (AFP) - A nave espacial Orion, da Nasa, projetada para levar seres humanos ao espaço, pousou nesta sexta-feira nas águas do oceano Pacífico, após concluir um bem sucedido voo de testes não tripulado, que serviu como prova para possíveis missões a Marte.

O lançamento ocorreu às 07H05 locais (10H05 de Brasília) desta sexta-feira, do Centro Espacial Kennedy, da Nasa, em Cabo Cañaveral (Flórida). Quatro horas e meia depois, após orbitar a Terra duas vezes, a cápsula pousou suavemente no oceano a 1.000 km da costa mexicana da Baixa Califórnia, freada por três enormes para-quedas.

"Ali está sua nova espaçonave, América", disse o comentarista da Nasa, Rob Navias, quando as imagens mostravam a cápsula se aproximando da água.

Orion é a primeira nave espacial americana, projetada para transportar seres humanos ao espaço desde as missões Apolo que, quatro décadas atrás, levaram astronautas para a Lua.

Seu desenho lembra precisamente a Apolo XI, que chegou ao satélite natural da Terra em 1969. Assim como as Apolo, Orion é composta de uma série de foguetes principais, que a impulsionam ao espaço e uma pequena cápsula que constitui o habitáculo que no futuro será ocupado pelas tripulações.

Navias descreveu o voo de testes como "perfeito" e como "uma etapa significativa do programa espacial" americano.

Em sua segunda volta ao redor da Terra, a cápsula alcançou 5.800 km de altitude, quase 14 vezes mais que a órbita da Estação Espacial Internacional (420 km).

Por volta das 15H23 GMT (13H23 de Brasília), vinte minutos após atingir a maior altitude de seu périplo, Orion se descolou do segundo estágio do foguete Delta IV e do módulo de serviço para preparar seu retorno à atmosfera terrestre.

A nave desceu a mais de 32.000 Km/h, 84% da velocidade que atingiria uma cápsula que volta da Lua. Dez minutos depois, pousou suavemente no mar.

Os controladores de voo disseram que o veículo se encontra estável e que logo será retirado das águas por uma equipe formada por membros da Nasa, da Marinha americana e da Lockheed Martin.



- Voltar ao espaço -

Esta primeira missão da Orion permite avaliar o rendimento da cápsula espacial diante de desafios chave, como a separação por estágios do foguete, a elevada radiação, o calor abrasador (de 2.200°C) antes da amerissagem (pouso no mar); além do funcionamento do para-quedas e dos computadores de bordo.

A nave também levava 1.200 sensores para medir as vibrações, as radiações e os níveis de ruído e temperatura.

O sucesso do lançamento feito pela Nasa serve como paliativo diante dos fracassos recentes que representaram os dois acidentes com voos espaciais privados, ocorridos em outubro passado.

O foguete que impulsionou Orion não compartilha, no entanto, características com o foguete Antares, da empresa Orbital Sciences, que explodiu em 28 de outubro, pouco depois do lançamento. Três dias depois, um acidente fatal com a nave de turismo SpaceShipTwo, da empresa Virgin Galactic, matou um dos dois pilotos e deixou outro gravemente ferido.

"Vivemos um momento emocionante, pois o sucesso deste teste nos aproxima do momento em que poderemos enviar seres humanos a Marte", disse o diretor da Nasa, Charles Bolden.

Estima-se que um primeiro voo tripulado da Orion poderia ser realizado em 2021 e depois, esta cápsula poderá levar seres humanos para a Lua, para um asteroide ou para Marte nos anos seguintes.

O projeto americano de enviar astronautas de volta ao espaço enfrenta questionamentos não só técnicos, como também orçamentários. O projeto Orion, segundo o último orçamento da Nasa, atingirá um total de US$ 19 bilhões e US$ 21 bilhões para 2021, acima dos US$ 18 bilhões estimados em 2011.

Para a Nasa, no entanto, o êxito da Orion significa um respiro pois desde a aposentadoria da frota de ônibus espaciais em 2011, os Estados Unidos não dispõem de veículos espaciais capazes de levar tripulantes. Desde então, o país teve que recorrer aos russos Soyuz para enviar seus astronautas e provisões à Estação Espacial Internacional.