Topo

Avião Solar Impulse faz escala imprevista no Japão por mau tempo

01/06/2015 15h02

Nagoya, Japão, 1 Jun 2015 (AFP) - O revolucionário avião Solar Impulse 2 aterrissou em Nagoia, no Japão, na noite desta segunda-feira (horário local), em uma escala imprevista devido ao mau tempo no Pacífico.

A transmissão ao vivo do posto de controle da missão em Mônaco mostrou os controladores aéreos celebrando, no momento em que o avião tocou o solo no centro do Japão, pouco antes da meia-noite desta segunda-feira (perto de meio-dia, em Brasília).

O aparelho de alta tecnologia havia decolado de Nanquim, na China, mais de 40 horas antes desse pouso. A previsão inicial é que a aeronave levaria seis dias e seis noites para chegar a seu destino, o Havaí, a cerca de 8.500 km de distância.

Esta é a sétima etapa de uma volta ao mundo dividida em 12 fases, que começou em Abu Dhabi, em 9 de março.

Na segunda de manhã, os controladores da missão decidiram que enfrentar o mau tempo no Pacífico seria muito arriscado e decidiram desviar o avião para o Japão.

Enquanto a aeronave seguia para o aeroporto japonês, o piloto, o suíço André Borschberg, de 62 anos, disse em sua conta no Twitter estar "decepcionado por não poder continuar, mas cheio de gratidão em relação às autoridades japonesas por seu apoio".

"A janela de tempo para o Havaí se deteriorou. Decidimos fazer uma aterrissagem intermediária em Nagoya !", explicou a equipe responsável.

Segundo o piloto Bertrand Piccard, que reveza com Borschberg, este foi o "último lugar onde poderíamos aterrissar de maneira segura".

"Atravessar uma frente ativa com gelo, chuva, turbulências não está, de modo algum, previsto para o nosso avião. Ele voa lentamente, é sensível às turbulências, precisa de sol para recarregar suas baterias", declarou Piccard, em conversa com a AFP.

"Vamos esperar uma melhora das condições para partir", acrescentou.

"A volta ao mundo talvez não vá avançar tão rápido quanto gostaríamos, mas não estamos fazendo uma corrida de velocidade. O objetivo é chegar lá", insistiu o piloto.

O Solar Impulse 2 decolou no domingo, às 2h39 na China (15h39 de sábado, em Brasília), para a mais perigosa das etapas de seu périplo.



'Muito perigoso'A decolagem de Nanquim já havia sido adiada várias vezes, por causa do mau tempo. Ainda não há informações sobre quanto tempo o Solar Impulse ficará no Japão. "É muito difícil fazer previsões", reconheceu Bertrand Piccard.

"Seria muito perigoso querer atravessar a frente nublada", acrescentou o piloto, explicando que, apesar da frustração, "todo mundo está extremamente satisfeito com o avião".

O Solar Impulse 2 ainda não voou sobre o oceano, nem ficou no ar por mais de 24 horas, ou seja, a travessia de 8.500 km do Pacífico continua a ser um desafio tecnológico e uma exploração aeronáutica históricas.

O voo até o Havaí deve durar cerca de 130 horas, um recorde para um piloto sozinho no comando do aparelho.

André Borschberg enfrentará altitudes dignas do Himalaia, em torno dos 28.000 pés (8.400 metros) e variações de temperatura de 55 graus em sua cabine não pressurizada.

Em caso de problema grave, o suíço deverá pular de paraquedas no oceano, a centenas de quilômetros de qualquer lugar onde poderia receber ajuda, já que nenhuma aeronave pode acompanhar seu avião.

A máquina voa a uma velocidade máxima de 90 km/h a baixa altitude e de 140 km/h nas camadas superiores.

"Não vejo isso como arriscado, porque trabalhos muito tempo sobre os diferentes problemas", comentou.

"Se perdermos um motor, podemos voar com os outros três, por exemplo", explicou.

"No pior dos casos, temos um paraquedas e um bote salva-vidas. Esperamos que não seja necessário usá-los", disse o piloto.

Enquanto fazia seu voo de espera sobre o Japão, o Solar Impulse 2 superou a distância acumulada simbólica de 10.000 km desde sua saída de Abu Dhabi. O avião fez escala em Omã, Índia, Mianmar e China.

Graças às suas asas cobertas com mais de 17.000 células fotovoltaicas, o aparelho tentará dar uma volta ao mundo destinada a promover o uso das energias renováveis, sobretudo, da solar.

Ao todo, o aparelho deve percorrer 35.000 km e cruzar dois oceanos a uma modesta velocidade média de 50 a 100 km/h.



oh-hg/eb/aoc/an/tt/mvv