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Sonda da Nasa fornece imagem mais precisa de Plutão

Em imagem divulgada nesta segunda-feira (13) pela Nasa é possível visualizar de maneira mais nítida detalhes da complexa superfície do planeta-anão, que fica a cerca de 4 bilhões de quilômetros da Terra - JHUAPL/SWRI/Nasa
Em imagem divulgada nesta segunda-feira (13) pela Nasa é possível visualizar de maneira mais nítida detalhes da complexa superfície do planeta-anão, que fica a cerca de 4 bilhões de quilômetros da Terra Imagem: JHUAPL/SWRI/Nasa

13/07/2015 15h46

Após mais de nove anos de viagem e 5 bilhões de quilômetros, a sonda New Horizons começa a se aproximar de Plutão nesta terça-feira (14) - um momento único para conhecer mais sobre o pequeno planeta, que permanece um mistério para os cientistas.

"Parece ficção científica, mas não é: na manhã de terça-feira a New Horizons vai sobrevoar Plutão de muito perto", comemorou Alan Stern, um dos principais engenheiros que trabalham no projeto de 700 milhões de dólares.

Os pesquisadores tiveram que ser pacientes: enviada em janeiro de 2006, a New Horizons, a sonda mais rápida já enviada ao espaço, finalmente chegou ao ponto mais próximo de Plutão. Mas como ela circula em alta velocidade, cerca de 49.000 km/h, a pequena sonda, do tamanho de um piano, não vai poder parar e ficar em órbita ao redor do planeta anão.

Ela vai apenas tocar em Plutão, passando a cerca de 12 mil quilômetros, e durante uma janela de algumas horas poderá obter o máximo de imagens e informações sobre o planeta, sobre o qual não se sabe ainda muita coisa. A sonda vai continuar, a seguir, a observar o cinturão de Kuiper, uma vasta área repleta de pequenos corpos ao longo de toda a órbita de Netuno.

A New Horizons vai chegar no ponto mais próximo de Plutão na terça-feira às 8h49 (de Brasília), mas a sonda já tem enviado imagens e impressões ao longo de sua aproximação, há varias semanas.

"O que nós recebemos da sonda é inacreditável, vai além dos nossos sonhos mais loucos", comentou Stern, explicando que as imagens do planeta anão esperadas para os próximos dias serão cada vez mais precisas.

"Em 24 horas, a qualidade da resolução de nossas imagens vai passar de 15 quilômetros por pixel, para menos de 100 metros por pixel", afirmou. "Pra se ter ideia do nível de precisão das imagens, se o Central Park estivesse em Plutão, a qualidade de nossas imagens nos permitiria observar as lagoas do parque".

- Efeito de miragem -"Pela primeira vez na história da humanidade nós vamos passar atrás de Plutão e faremos imagens do outro lado", acrescentou Leslie Young, responsável pela planificação exata da missão.

As informações enviadas nos últimos dias também permitiram que os investigadores fizessem algumas descobertas sobre a superfície do planeta anão.

"Nós aprendemos nas últimas 48 horas, por exemplo, que há fuga de nitrogênio da atmosfera de Plutão e que e há camadas de gelo nos polos. Nós nem imaginávamos que conseguiríamos obter este tipo de dado tão cedo", notou Stern.

"E nós também descobrimos que Plutão é um pouco maior do que pensávamos: o planeta tem um raio de 1.185 quilômetros, mais ou menos 10 quilômetros", explicou o cientista. "Até lá nossos dados estavam imprecisos, porque a atmosfera de Plutão é muito densa para criar um efeito de miragem que não nos permitia ser tão precisos".

A sonda dispõe de sete instrumentos de medição de alta performance. Ela vai escanear a superfície de Plutão, analisar a composição de sua atmosfera, sua geologia, recolher a temperatura de sua superfície e fotografar".

Infelizmente, a sonda não poderá se comunicar ao mesmo tempo em que faz as análises. Os pesquisadores da Nasa ainda deverão esperar para começar a receber as preciosas informações coletadas pela New Horizons.

A Nasa acredita também que há um risco sobre 10.000 de que a sonda esbarre num detrito ao redor de Plutão e que ela perca tudo: "isso não tira meu sono", contou Stern. "Mas é claro que no final do dia amanhã, estaremos um pouco estressados".

Os primeiros elementos coletados devem chegar ao centro de controle da missão em Laurel, nos arredores de Washington, na noite de terça-feira. Depois, serão necessários ao menos seis meses para transmitir o material coletado - o teste de paciência ainda não acabou.