Topo

Sonda New Horizons alcança maior aproximação de Plutão

14/07/2015 18h05

Laurel, Estados Unidos, 14 Jul 2015 (AFP) - A sonda espacial New Horizons, lançada pela Nasa em 2006, passou nesta terça-feira a sua menor distância de Plutão, em um voo histórico, que permitirá obter mais informações sobre o Planeta Anão - informou a agência espacial norte-americana.

"A sonda New Horizons conseguiu a maior aproximação de Plutão após uma jornada de três bilhões de milhas", afirmou o comentarista da Nasa, enquanto os espectadores exibiam bandeiras em uma sala lotada do Centro de Física Aplicada Johns Hopkins, no subúrbio de Washington.

A uma velocidade de mais de 49.300 km/h depois de uma viagem de 4,8 bilhões quilômetros, a New Horizons passou a apenas 12.430 km de Plutão, às 11h49 GMT (8h49 de Brasília), explicou a Nasa.

"É hora de comemorar, porque nós fizemos a maior parte do caminho", disse o principal pesquisador da New Horizons, Alan Stern.

"Nós completamos o reconhecimento inicial do sistema solar, uma empreitada começada no governo do presidente (John F.) Kennedy mais de 50 anos atrás e continuada hoje sob a liderança do presidente (Barack) Obama", lembrou.

Obama comemorou o sucesso da missão no Twitter. "Parabéns a @NASANewHorizons por ter realizado uma viagem de 3 bilhões de milhas", escreveu o presidente norte-americano no Twitter.

A agência espera receber um sinal da sonda na tarde desta terça-feira para saber se o aparelho sobreviveu ao momento.

Cientistas afirmaram que existe uma possibilidade em 10.000 de que a sonda sofra uma colisão com dejetos espaciais na região próxima a Netuno, conhecida como o cinturão de Kuiper.

Segundo Stern, o Cinturão de Kuiper - o amplo anel de escombros que cerca o Sistema Solar e por onde Plutão circula - é "mais ou menos uma barraca de tiro ao alvo, onde há muitos pequenos cometas primordiais e outros objetos menores que Plutão".

Nunca antes uma nave havia se aventurado até o Cinturão de Kuiper. "Nós estamos voando para o desconhecido", disse Stern a jornalistas na segunda-feira.

- Novas descobertas -Desde a Voyager 2, que sobrevoou Netuno em 1989, nenhum novo planeta tinha sido aproximado de tão perto. Stern também observou que nesta terça-feira faz meio século do primeiro voo rasante sobre Marte, em 14 de julho de 1965, pela sonda Mariner 4.

"É inacreditável, quero que me belisquem, é uma loucura que a humanidade consiga explorar mundos tão distantes", disse Alice Bowman, gerente de projeto.

A sonda dispõe de sete instrumentos de medição de alta performance. Ela vai escanear a superfície de Plutão, analisar a composição de sua atmosfera, sua geologia, recolher a temperatura de sua superfície e fotografar".

O que se sabe até agora sobre Plutão provavelmente caberia em um par de páginas, disse Stern. Mas com os dados que serão enviados pela New Horizons, se tudo correr bem, será possível escrever textos inteiros sobre este misterioso corpo celeste.

Por enquanto, a missão pioneira da Nasa conseguiu confirmar a existência de uma camada de gelo polar em Plutão e descobriu nitrogênio escapando de sua atmosfera.

"E nós também descobrimos que Plutão é um pouco maior do que pensávamos: o planeta tem um raio de 1.185 quilômetros, mais ou menos 10 quilômetros", explicou o cientista.

"Em 24 horas, a qualidade da resolução de nossas imagens vai passar de 15 quilômetros por pixel, para menos de 100 metros por pixel", afirmou Cathy Olkin, pesquisadora-adjunta do projeto. "Veremos quão altas são as montanhas e quão baixos são os vales".

Em seguida, os cientistas verão o nascer e o pôr do sol na parte traseira -inexplorada- de Plutão; irão criar uma imagem completa da estrela e cinco satélites; e farão um estudo sobre a poeira do Sistema Solar exterior e da atmosfera em torno de Plutão e sua maior lua, Caronte.

De acordo com John Grunsfeld, administrador adjunto da missão científica da Nasa, conhecer detalhes sobre Plutão tem captado a atenção do público porque revela notícias sobre a origem da Terra e gera mais perguntas, como, por exemplo, se a vida extraterrestre é possível.

"O sistema de Plutão é um fóssil dos primórdios do sistema solar", disse Grunsfeld. "Agora sabemos de onde viemos (...) Isto abre um novo campo na exploração".