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Cometa Tchouri e sonda Rosetta alcançam ponto mais próximo do Sol

Da AFP, em Paris

13/08/2015 00h05

O cometa "Tchouri" - acompanhado da sonda europeia Rosetta - alcançou nesta quinta-feira (13) o ponto mais próximo ao Sol em sua trajetória, uma nova etapa em sua missão de busca pelas origens da vida na Terra.

Às 2h03 GMT (23h03 em Brasília), o cometa atingiu seu periélio, o ponto mais próximo ao Sol de sua órbita elíptica de seis anos e meio. O 67P/Tchouriumov-Guerasimenko se encontrava a 186 milhões de km do Sol e a 265 milhões de km da Terra. É a primeira vez que uma sonda espacial acompanha um cometa até o ponto mais próximo do Sol.

Os cientistas esperam que os jatos de gás muito poderosos sob o efeito do calor permitam a captura de partículas orgânicas deixadas pela formação do sistema solar e presas há 4,6 milhões de anos no gelo do "Tchouri".

Os cometas são pequenos corpos do sistema solar constituídos de um núcleo feito de gelo, de materiais orgânicos e pedras, e cercado de poeira e gás. Ao se aproximar do sol, o gelo subterrâneo do cometa se transforma em vapor, provocando tempestades de gás e poeira e projetando partículas. "Este é o momento de mais ação", declarou à AFP Mark McCaughrean, assessor científico da Agência Espacial Europeia (ESA).

O cenário mais emocionante: que o "pescoço de pato" se quebre --- devido à sua forma, Tchouri é muitas vezes comparado a um pato --- revelando o material enterrado. "Este seria realmente o Santo Graal... ver o interior do cometa", afirmou entusiasmado McCaughrean, mesmo que a maioria dos cientistas acreditem que o cometa não é tão instável a ponto de se quebrar.

Após atingir o periélio, o 67P/Tchouriumov-Gerasimenko se afasta do Sol seguindo uma longa curva elíptica. "Estamos à procura de matérias-primas virgens que podem escapar" da parte de baixo da camada de poeira deixada pelo último periélio, explica Mark McCaughrean.

Novas informações

O robô espacial europeu Philae permanece em silêncio há mais de um mês, e caberá à sonda Rosetta capturar essas partículas. Rosetta está atualmente localizada a cerca de 300 km do cometa e não pode chegar mais perto sem o risco de ficar perdida na tempestade de gás. Os instrumentos da Rosetta podem coletar partículas, mesmo em sua distância atual, mas em concentrações muito baixas, e "ela não poderia pegar os raros", segundo McCaughrean.

Os cientistas também podem, graças a fotos tiradas por Rosetta, comparar a aparência do cometa antes e depois do periélio. Estas imagens, as amostras de gás e outras medições feitas pela sonda devem trazer novas informações sobre a composição do cometa e o seu ciclo.

Philae está estacionada no cometa desde o seu pouso turbulento, em 12 de novembro de 2014. Após sete meses de hibernação, voltou a fazer contato com Rosetta em oito ocasiões. Mas desde 9 de julho, data de seu último sinal, permanece em silêncio.

"Philae pode estar ativa... mas como não temos nenhum contato, não sabemos nada de sua condição", disse à AFP Patrick Martin, chefe da missão Rosetta.

Quando o cometa se afastar do sol e suas tempestades de gás se acalmarem, os cientistas esperam chegar perto e restabelecer contato com o pequeno robô precioso.