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Conheça as 'linhas vermelhas' das negociações sobre o clima

27/11/2015 12h19

Paris, 27 Nov 2015 (AFP) - A partir de segunda-feira, 195 países terão menos de duas semanas para alcançar em Paris um acordo mundial capaz de frear o aquecimento do planeta.

A seguir, as linhas vermelhas dos países-chave nestas negociações.

CHINAÉ principal emissor mundial de gases de efeito estufa e está exposta a riscos climáticos (inundações, principalmente) e a enormes fenômenos de poluição do ar. Pequim se converteu num dos motores de busca de um acordo. A China, inclusive, aceitou a ideia de fazer um balanço de ações por país antes de 2020, data da entrada em vigor de um futuro acordo. Mas se opõe a uma revisão necessariamente em alta dos compromissos de redução das emissões por país. Pequim reluta a aceitar participar diretamente na ajuda financeira aos países vulneráveis como parte da ONU, apesar de ter se comprometido unilateralmente a doar 3 bilhões de dólares por ano aos países do sul para projetos climáticos.

ESTADOS UNIDOSO presidente Barack Obama lidera uma postura positiva sobre o clima (plano de redução das emissões de usinas elétricas a carvão, oposição ao projeto do oleoduto gigante entre Canadá e Estados Unidos, por exemplo). Mas os Estados Unidos no momento não concretizaram sua promessa de doações para o Fundo Verde para o Clima.

Com um Congresso de maioria republicana, Obama evita se comprometer com objetivos numéricos que deverão ser ratificados pelos parlamentares. O que resta a ele é uma margem muito estreita para disposições de princípio que tenham um caráter vinculante, mas sem precisar do aval do Congresso. Washington também se opõe frontalmente à instauração de um regime de compensação financeiras ("perdas e danos") para os países fortemente afetados por catástrofes, reclamado por alguns dos mais vulneráveis.

ÍNDIAQuarto maior emissor de gases do efeito estufa, segundo país mais populoso do mundo, a Índia ainda deve construir numerosas infraestruturas e possibilitar o acesso à eletricidade a 300 milhões de pessoas. Neste contexto, se nega a comprometer-se com uma data para o pico de suas emissões e pede ajuda tecnológica e financeira para poder optar por energias limpas em substituição ao carbono. Apesar de estar muito exposta aos riscos climáticos (degelo das calotas polares, alteração nas monções, inundações) e ser tão afetada quanto a China pela contaminação nas grandes cidades, a Índia não quer se ver obrigada a rever rapidamente seus compromissos e se opõe à menção de um objetivo a longo prazo de "descarbonização da economia" que implique o abandono progressivo das energias fósseis. Considera que os países ricos devem assumir grande parte do esforço.

ARÁBIA SAUDITARiad, membro do G20 e primeiro exportador de petróleo, assim como os demais países petroleiros, quer evitar por em risco a sua economia. Rejeita a "descarbonização" da economia mundial, o que seria um sinal claro às empresas e investidores, e exige a transferência de tecnologia. A Arábia Saudita também não quer uma revisão rápida dos objetivos dos países, o que aceleraria a dinâmica contra seus interesses. Tudo dependerá da capacidade de Riad de se juntar a outros países petroleiros.

AMÉRICA LATINABrasil e México são os principais emissores de gases que provocam o efeito estufa em uma região rica em biodiversidade, vulnerável à mudança climática que representa apenas 9% das emissões globais. A região chega com posturas variadas à COP21, desde a promessa da Costa Rica de alcançar a neutralidade de carbono em 2021 às dúvidas da Venezuela, país produtor de petróleo que não apresentou um compromisso nacional e que lidera a aliança bolivariana ALBA, que pede uma "justiça climática". O Brasil chega com a promessa ambiciosa de reduzir as emissões em 37% até 2025. Colômbia e México apresentaram compromissos que estão dispostos a melhorar caso recebam ajuda para projetos climáticos.

PAÍSES MAIS VULNERÁVEISAs nações mais pobres (sobretudo da África e Ásia) e os Estados insulares estão muito expostos às mudanças climáticas e têm poucos recursos para adaptar-se à mesma (transferência de residências, infraestruturas, sistemas de alerta meteorológico, etc). Esperam garantias de acesso a financiamentos cada vez mais importantes para a adaptação e desenvolvimento de energias limpas. Uma ajuda insuficiente poderia levá-los a bloquear os debates. Alguns esperam ainda avanços em termos de "indenizações", mas os países ricos são reticentes na questão.

ces-ltl.zm