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Terapia hormonal contra câncer de próstata é associada a Alzheimer

Getty Images
Imagem: Getty Images

Em Washington

08/12/2015 17h02

Os homens que passam por um tratamento hormonal por um câncer de próstata correm quase o dobro de risco de desenvolver o mal de Alzheimer em relação a quem não recebe tal terapia - é o que indica um estudo dos Estados Unidos.

Os cientistas autores do estudo não puderam estabelecer nenhuma causalidade definitiva entre a terapia hormonal, chamada terapia de privação de andrógenos (ADT), e o Alzheimer, mas sustentam que a associação encontrada é preocupante e merece continuar sendo estudada.

"Queríamos contribuir para o debate sobre os relativos riscos e vantagens da ADT, e ninguém havia estudado a associação entre a ADT e o mal de Alzheimer", explicou Kevin Nead, médico da Escola de Medicina Perelman da Universidade da Pensilvânia e principal autor do informe.

"Baseado nos resultados de nosso estudo, um aumento do risco da doença de Alzheimer pode ser um potencial efeito secundário da terapia de privação de andrógenos, mas ainda precisamos de mais investigação (sobre isso) antes de avaliar se as práticas clínicas devem ser mudadas", ponderou.

Os resultados se baseiam em duas grandes bases de dados dos históricos clínicos ao redor de 5 milhões de pacientes, dos quais 16.888 receberam tratamento em decorrência de um câncer de próstata.

Desses, cerca de 2.400 foram tratados com a terapia hormonal ADT e receberam o acompanhamento necessário para permitir a análise dos dados, explicou o estudo.

Os pesquisadores compararam os pacientes de ADT com um grupo controle de pacientes com câncer de próstata que não receberam tal terapia e encontraram uma diferença significativa no número de pessoas que desenvolveram a doença de Alzheimer no início do tratamento com o ADT.

"Os métodos (estatísticos) mais sofisticados mostraram que a probabilidade de contrair Alzheimer era 88 por cento maior entre os pacientes que recibarem ADT durante o período de acompanhamento", explicou o estudo.

Quanto mais longo foi o período de terapia de privação de andrógenos, mais alto era o risco de desenvolver a doença.

A terapia de privação de andrógenos diminui a produção dos hormônios masculinos, chamados andrógenos, que podem desempenhar um papel importante no crescimento das células da próstata.

A supressão dos andrógenos pode acarretar diversos efeitos secundários, como baixos níveis de testosterona, impotência, diabetes, doenças cardiovasculares e depressão.

Estudos anteriores sugeriram que baixos níveis de testosterona podem debilitar a resistência do cérebro ao mal de Alzheimer.