Topo

Exoplaneta gigante orbita duas estrelas e tem potencial de ser habitável

Lynette Cook/ San Diego State University/ AFP
Imagem: Lynette Cook/ San Diego State University/ AFP

Em Washington

13/06/2016 20h16

O maior exoplaneta (planeta fora do sistema solar) já descoberto gira em torno de duas estrelas, a uma distância que faz com que seja potencialmente habitável, disseram cientistas na segunda-feira (13).

A equipe de astrônomos da Nasa que fez a descoberta usando o telescópio orbital americano Kepler anunciou as conclusões na conferência da Sociedade Astronômica Americana, que acontece nesta semana em San Diego, no estado da Califórnia, EUA.

Este exoplaneta circumbinário (que orbita duas estrelas) e gasoso do tamanho de Júpiter, batizado Kepler-1647b, também conta com a maior órbita para este tipo de planeta, girando em torno a essas duas estrelas em 1.107 dias, ou pouco mais que três anos terrestres.

Trata-se do 11º exoplaneta circumbinário descoberto desde 2005. Estes planetas são às vezes chamados de "Tatooines", em referência ao planeta onde cresceu o personagem Luke Skywalker, da saga Star Wars.

O Kepler-1647b está mais afastado das suas duas estrelas do que qualquer outro planeta circumbinário conhecido, em uma órbita que "o coloca dentro da chamada zona habitável", segundo um comunicado da Universidade Estatal de San Diego.

Em teoria, isso significa que o planeta não é nem muito quente, nem muito frio para ser habitável para humanos e para que possa existir água em estado líquido.

Porém, tratando-se de um planeta gasoso, é pouco provável que a vida possa se desenvolver nele, mas esta poderia surgir possivelmente em alguma das suas luas.

O Kepler-1647b tem 4,4 bilhões de anos de idade e se encontra na constelação de Cygnus, a 3.700 anos-luz (um ano-luz equivale a 9,4 trilhões de quilômetros) da Terra.

As duas estrelas são similares ao Sol, sendo que uma delas é ligeiramente maior e a outra um pouco menor que o nosso astro, informaram os astrônomos, cuja descoberta foi aceita para ser publicada na revista científica Astrophysical Journal.

Os cientistas conseguem detectar os exoplanetas quando estes passam na frente das suas estrelas, o que provoca uma diminuição passageira da luminosidade.

Este fenômeno, chamado de trânsito astronômico, permite deduzir a massa do planeta e a distância a que ele está da sua estrela.

"Mas encontrar exoplanetas circumbinários é muito mais difícil", disse William Welsh, astrônomo da Universidade Estatal de San Diego e um dos autores da descoberta.

"A passagem do planeta diante das duas estrelas não é regularmente espaçada e portanto sua duração pode variar", afirmou Welsh.

Uma vez que um candidato a exoplaneta é descoberto, os astrônomos utilizam sofisticados programas informáticos para determinar se efetivamente se trata de um planeta, um processo que pode ser longo e difícil.

O astrônomo Laurance Doyle, do Instituto SETI - cuja missão é "buscar inteligência extraterrestre" - observou o trânsito do Kepler-1647b pela primeira vez em 2011.

Os cientistas levaram, porém, vários anos coletando e analisando dados adicionais para confirmar que se tratava, de fato, de um exoplaneta circumbinário.