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Telescópio na África mostra mais galáxias do que se conhecia em recanto do universo

Parte do conjunto de pratos que formam o radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul - Mujahid Safodien/AFP
Parte do conjunto de pratos que formam o radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul Imagem: Mujahid Safodien/AFP

17/07/2016 07h02

Carnarvon, África do Sul, 17 Jul 2016 (AFP) - Mesmo operando com um quarto da capacidade eventual, o radiotelescópio MeerKAT, em construção na África do Sul, deu uma demonstração de sua potência extraordinária este sábado, revelando 1.300 galáxias detectadas em uma minúscula parte do universo, onde apenas 70 eram conhecidas - um número quase 20 vezes maior.

A imagem divulgada neste sábado foi a primeira produzida pelo MeerKAT, onde 16 antenas começaram a funcionar.

O contingente completo do MeeKAT, que terá 64 antenas, será integrado no ano que vem ao projeto multinacional SKA (sigla em inglês para Square Kilometre Array), que visa a se tornar o mais poderoso radiotelescópio do mundo.

As imagens produzidas pelo MeerKAT "são de longe muito melhores do que poderíamos esperar", explicou o cientista-chefe do SKA na África do Sul, Fernando Camilo, no local onde estão as antenas, perto da pequena cidade de Carnarvon, 600 km ao norte da Cidade do Cabo.

17.jul.2016 - Primeira imagem divulgada do radiotelescópio MeerKAT, em construção na África do Sul  - Divulgação/ Square Kilometre Array - Divulgação/ Square Kilometre Array
Imagem produzida pelo MeerKAT
Imagem: Divulgação/ Square Kilometre Array

Isto "significa que este telescópio como está hoje, com apenas um quarto de seu contingente total, já é o melhor radiotelescópio do hemisfério sul", disse Camilo à AFP.

Quando estiver completamente operacional, em 2020, o SKA contará com três mil antenas, espalhadas por vários países, permtitindo aos astrônomos escrutar o espaço com um nível de detalhe incomparável.

O radiotelescópio terá um potencial de descobertas dez vezes maior do que os instrumentos modernos mais avançados e explorará supernovas, buracos negros, energia negra e vai rastrear as origens do universo, cerca de 14 bilhões de anos atrás.

Os cientistas esperam que seja capaz de dar respostas a questões fundamentais sobre o universo, por exemplo como foi criado e porque está em expansão.

"Levando em conta os resultados de hoje (sábado), podemos esperar que uma vez que as 64 antenas estejam montadas, o MeerKAT será o melhor telescópio do mundo, antes [mesmo] da conclusão do SKA", declarou em um comunicado o professor Justin Jonas, encarregado tecnológico do projeto SKA na África.

O MeerKAT está em constução em uma área remota e árida de Karoo, região do sudoeste da África do Sul, e oferece condições ideais para os astrônomos.

Também servirá como um dos dois principais conjuntos de antenas do SKA. O outro ficará na Austrália.

Dez países financiam este gigantesco projeto: Austrália, Reino Unido, Canadá, China, Alemanha, Itália, Holanda, Nova Zelândia, África do Sul e Suécia.