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Peru pré-hispânico tinha mulher governante há 1.700 anos; veja rosto recriado

Réplica da múmia da Senhora de Cao apresentada em Lima - Guadalupe Pardo/Reuters
Réplica da múmia da Senhora de Cao apresentada em Lima Imagem: Guadalupe Pardo/Reuters

Em Lima

05/07/2017 06h09

As autoridades peruanas apresentaram na terça-feira a imagem do rosto da mulher que governou o norte do país há 1.700 anos, a Senhora de Cao, reconstruída de forma digital, que é considerada uma das mulheres mais poderosas do Peru pré-hispânico.

"Como foi a descoberta da Senhora de Cao, que revelou a liderança política e religiosa feminina nesta riquíssima cultura do norte do Peru, agora temos o privilégio de apresentar a combinação entre futuro e passado: a tecnologia nos permite ver o rosto de uma líder política, religiosa, cultural do passado", disse o ministro da Cultura, Salvador del Solar, ao inaugurar em Lima a exposição na qual é possível observar a imagem e uma réplica da múmia da Senhora de Cao.

4.jul.2017 - Recriação do rosto da Senhora de Cao, que governou no Norte do Peru há 1.700 anos - Guadalupe Pardo/Reuter - Guadalupe Pardo/Reuter
Recriação do rosto da Senhora de Cao, que governou no Norte do Peru há 1.700 anos
Imagem: Guadalupe Pardo/Reuter

A reconstrução do rosto foi coordenada por arqueólogos e especialistas, que trabalharam nos últimos 10 meses com imagens digitalizadas e em 3D a partir de mostras de rostos de moradores da localidade de Magdalena de Cao (norte), no vale de Chicama, área da cultura pré-hispânica Mochica.

A Senhora de Cao é reconhecida pelos arqueólogos como uma das primeiras governantes mulheres do antigo Peru, no século IV d.C.

A descoberta da múmia da Senhora de Cao, em 2006, foi coordenada pelo arqueólogo Régulo Franco e aconteceu na província de Ascope, 700 km ao norte de Lima.

A descoberta aconteceu na pirâmide Cao Velho, onde os especialistas encontraram uma mulher tatuada que depois foi chamada de Senhora de Cao ou Dama de Cao. A tumba está cercada por cetros de madeira forrados de cobre, utilizados nas cerimônias como símbolos de poder e hegemonia, além de placas de metal soltas que cobriam a mortalha de algodão natural. No local atualmente existe um museu, onde a múmia original está em exposição.

A descoberta foi considerada um marco, porque até então se acreditava que nenhuma mulher havia exercido qualquer autoridade no Peru pré-hispânico.