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Vida na Terra surgiu com queda de meteoritos em águas mornas

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Imagem: Shutterstock

Em Miami

02/10/2017 19h57

Como a vida começou na Terra? Um estudo publicado nesta segunda-feira respalda a teoria de que meteoritos que caíram em lagoas mornas do planeta deixaram elementos essenciais que deram origem aos blocos de construção da vida há bilhões de anos.

O estudo, publicado na revista americana Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), se baseia em "pesquisas exaustivas e cálculos" astrofísicos, geológicos, químicos e biológicos, de acordo com um resumo fornecido pela Universidade McMaster, no Canadá.

O potencial de criação da vida nessas "pequenas lagoas mornas" já tinha sido abordado pelo naturalista britânico Charles Darwin, pai da teoria da evolução, em uma carta a um amigo em 1871.

"Mas se (e oh, que grande 'se') pudéssemos imaginar que em alguma pequena lagoa morna com todo tipo de amoníaco e sais fosfóricos, luz, calor, eletricidade, etc. um composto proteico foi quimicamente formado, pronto para sofrer mudanças ainda mais complexas...", escreveu Darwin.

Desde então, os cientistas debatem se a vida surgiu em lagoas ou em fontes hidrotermais no fundo dos oceanos.

O estudo sugere que a primeira hipótese é a mais provável porque foi necessário um ciclo de período seco-período úmido para que os blocos moleculares de base da lagoa se unissem formando moléculas auto-reprodutoras de ácido ribonucleico (RNA).

Segundo o estudo, estas moléculas de RNA constituíram o primeiro código genético da vida terrestre, anterior ao DNA (ácido desoxirribonucleico).

"Para compreender a origem da vida, temos que compreender como era a Terra há bilhões de anos", explicou Thomas Henning, do Instituto Max Planck de Astronomia, na Alemanha.

"Como nosso estudo mostra, a astronomia nos proporciona uma parte vital da resposta. Os detalhes de como nosso sistema solar se formou têm consequências diretas na origem da vida na Terra", acrescentou.

Há entre 3,7 e 4,5 bilhões de anos, o planeta era bombardeado por meteoritos a um ritmo de oito a 11 vezes maior que a atividade atual, sua atmosfera estava "dominada por gases vulcânicos e a terra firme era escassa, já que os continentes se elevavam do fundo do oceano global", indica o artigo.

Em dado momento, os ingredientes necessários para a formação de polímeros de RNA atingiram as concentrações suficientes nas lagoas e se uniram, enquanto o nível da água subia e descia ao ritmo de ciclos de precipitações, evaporações e drenagem.

Estas formas primitivas evoluíram até o desenvolvimento do DNA, "complexo demais para ter sido o primeiro elemento de vida a aparecer", indicou Ralph Pudritz, do Instituto sobre as Origens, da Universidade McMaster. "Teve que começar por outra coisa, e esta é o RNA", acrescentou.