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Estudo aponta possível associação entre inflamação e demência

Estudo da revista científica Neurology aponta associação entre demência e inflamação - Shutterstock
Estudo da revista científica Neurology aponta associação entre demência e inflamação Imagem: Shutterstock

01/11/2017 21h09

As pessoas que mostram sinais de inflamação na meia-idade são mais propensas a sofrer retração cerebral anos depois, um possível precursor da demência ou da doença de Alzheimer, disseram pesquisadores nesta quarta-feira (1º).

As descobertas, publicadas na revista científica Neurology, são as mais recentes a revelar uma associação entre demência e inflamação, na qual as células imunológicas do corpo se tornam mais ativas em resposta a danos causados pelo tabagismo, estresse, doença ou dieta pobre em nutrientes.

No entanto, o estudo não provou nenhuma relação de causa e efeito.

"Esses resultados sugerem que a inflamação na meia-idade pode contribuir para as alterações cerebrais que são associadas à doença de Alzheimer e a outras formas de demência", disse o autor do estudo Keenan Walker, da Universidade Johns Hopkins.

"Dado que os processos que levam à perda de células cerebrais se iniciam décadas antes das pessoas começarem a mostrar quaisquer sintomas, é vital descobrirmos como esses processos que ocorrem na meia idade afetam as pessoas muitos anos depois".

O estudo foi baseado em 1.633 pessoas com uma média de idade de 53 anos.

Os pesquisadores testaram seu sangue para determinar os níveis de cinco marcadores de inflamação --não em qualquer parte específica do corpo, mas sim ao longo dele--, incluindo a contagem de glóbulos brancos.

Em média 24 anos depois, os participantes fizeram testes de memória e passaram por exames cerebrais.

Aqueles que apresentaram níveis mais altos de inflamação na meia-idade em três ou mais biomarcadores tiveram um volume cerebral em média 5% menor no hipocampo e em outras áreas associadas ao mal de Alzheimer, disse o estudo.

O efeito foi semelhante ao de ter uma cópia do gene "apoE e4", que predispõe as pessoas à doença de Alzheimer, disseram pesquisadores.

As pessoas com maior inflamação também tiveram uma performance um pouco pior em um teste de memória, lembrando em média de cinco de 10 palavras, em comparação com 5,5 no grupo sem inflamações.

Especialistas que não participaram do estudo o descreveram como amplo e rigorosamente conduzido, mas enfatizaram que este não analisou se os pacientes efetivamente desenvolveram a doença de Alzheimer, apenas que alguns apresentaram sinais de encolhimento cerebral e perda de memória.

"Esta pesquisa aponta para a inflamação como um potencial indicador inicial de degeneração cerebral posterior, mas não podemos dizer se a inflamação pode estar causando encolhimento cerebral ou se é esta uma resposta a outros processos prejudiciais que podem já estar em andamento", disse Carol Routledge, diretora de Pesquisa no "Alzheimer's Research UK".