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Queda de estação espacial na Terra será como chuva de "estrelas cadentes", diz China

A estação espacial chinesa descontrolada Tiangong-1  - Instituto alemão Fraunhoffer
A estação espacial chinesa descontrolada Tiangong-1 Imagem: Instituto alemão Fraunhoffer

Em Pequim

31/03/2018 04h00

A queda na Terra de uma estação espacial fora de controle nos próximos dias não deve causar danos, afirmaram as autoridades chinesas, mas oferecerá um espetáculo "esplêndido" semelhante a uma chuva de meteoros.

A agência espacial chinesa disse que a Tiangong-1, que pesa quase oito toneladas, entrará na atmosfera em algum momento entre este sábado (31) e segunda-feira (2).

A Agência Espacial Europeia, por sua vez, forneceu uma janela mais estreita, entre o meio-dia de sábado e o início da tarde de domingo (no horário de Brasília entre 9h de 31 de março até a manhã de 1 de abril).  

Tiangong-1 - European Space Agency - European Space Agency
Potencial área de reentrada da estação Tiangong-1
Imagem: European Space Agency

"As pessoas não têm que se preocupar", garantiu o Escritório de Engenharia Espacial Tripulada da China (CMSEO) em sua conta na rede social WeChat.

Essas espaçonaves "não caem violentamente na Terra como nos filmes de ficção científica, mas se transformam em uma esplêndida (chuva de meteoros) e atravessam um céu coberto de estrelas em caminho à Terra", explicou.

Este laboratório foi colocado em órbita em setembro de 2011 e estava programado para fazer uma entrada controlada na atmosfera, mas parou de funcionar em março de 2016 e desde então os entusiastas do espaço esperavam um retorno espetacular.

Pequim vê seu programa espacial multibilionário como um símbolo do boom do país e planeja enviar uma missão tripulada à Lua no futuro.

A China colocou outro laboratório, Tiangong-2, em órbita em setembro de 2016 e espera transformá-lo em uma estação espacial habitada em 2022.

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Especialistas explicaram que não há necessidade de se preocupar com possíveis danos causados pelo Tiangong-1 em seu retorno à Terra. A ESA observou que nos últimos 60 houve quase 6.000 entradas de grandes objetos na atmosfera que não causaram danos ou vítimas.

Tiangong-1 - Engenharia espacial chinesa - Engenharia espacial chinesa
A agência espacial chinesa perdeu o controle da Tiangong-1 em 2016, cinco anos depois de seu lançamento.
Imagem: Engenharia espacial chinesa
O CMSEO indicou por sua vez que a probabilidade de alguém ser atingido por um meteorito de mais de 200 gramas é de um em 700 milhões.

Durante a entrada descontrolada, a fricção com a atmosfera arrancará os painéis solares, as antenas e outros componentes externos a uma altitude de cerca de 100 km, de acordo com a agência espacial chinesa.

O aumento do calor e da fricção fará com que a estrutura principal se queime ou exploda, desintegrando-se a uma altitude de cerca de 80 km.

A maioria dos fragmentos irá se dissipar no ar e uma pequena quantidade de detritos provavelmente irá cair no mar, que cobre mais de 70% da superfície da Terra.

Jonathan McDowell, astrônomo do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, acredita que o Tiangong-1 é a 50ª maior entrada descontrolada de um objeto na atmosfera desde 1957.

"Coisas muito maiores caíram sem causar vítimas", disse McDowell à AFP.

A uma altitude de 60 a 70 km, os detritos começarão a se transformar em "uma série de bolas de fogo". Neste momento, as pessoas na Terra "verão um espetáculo prodigioso", acrescenta.

Quando o momento de entrada se aproximar, a China aumentará a coordenação com o Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Exterior, segundo o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Lu Kang.

"Quero enfatizar que damos importância a essa questão e vamos tratá-la de maneira muito responsável, de acordo com as leis e regulamentos", acrescentou.