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Mudança climática ameaça saúde de pessoas vulneráveis

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Imagem: iStock

Em Paris

29/11/2018 00h17

Os problemas de saúde ligados ao calor, como doenças cardiovasculares ou renais, aumentam em todo o mundo devido aos efeitos da mudança climática, especialmente entre os idosos e pessoas vulneráveis, adverte um relatório publicado nesta quarta-feira (28).

A Europa é mais vulnerável que a África e o sudeste da Ásia porque no Velho Continente há mais pessoas idosas que vivem nas cidades, onde os efeitos do calor podem ser especialmente devastadores, destaca o relatório publicado na revista médica The Lancet e firmado por especialistas internacionais.

"A saúde mundial nos próximos séculos dependerá da natureza e da escala das respostas que daremos à mudança climática", declara um dos autores do estudo, a professora Hilary Graham, da universidade britânica de York.

Este relatório anual, chamado de "Contagem regressiva na saúde e mudança climática", avalia 41 indicadores-chave relativos a essas duas questões, e é publicado quatro dias antes do início, na Polônia, da 24ª Conferência Mundial sobre o Clima, a COP24.

"Em 2017, mais de 157 milhões de pessoas vulneráveis acima dos 65 anos estiveram expostas, em todo o mundo, a ondas de calor, o que representa 18 milhões a mais do que em 2016."

"Como consequência da elevação das temperaturas provocada pela mudança climática, as populações vulneráveis estão expostas a golpes de calor, o que aumenta seu risco de desenvolver doenças cardiovasculares e renais", destacam os autores do estudo.

Essas populações vulneráveis são "os maiores de 65 anos, os habitantes das cidades e os pacientes que sofrem de problemas cardiovasculares, diabetes e doenças respiratórias crônicas".

O fenômeno não apenas ameaça a saúde mundial, mas também as economias dos países.

"Em 2017, se perderam 153 bilhões de horas de trabalho devido à exposição ao calor, 62 bilhões a mais que no ano 2000", especialmente "na Índia, sudeste da Ásia, África subsaariana e América do Sul", destaca o relatório.

Em torno de 80% das horas de trabalho perdidas se registraram no setor da agricultura (122 bilhões), 17,5% na indústria (27 bilhões) e 2,5% nos serviços (4 bilhões).

O relatório destaca ainda a falta de verbas dedicadas a adaptar os sistemas de saúde ao aumento das temperaturas.