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Condições na infância afetam fertilidade de mulheres, diz estudo

BBC Brasil

20/05/2007 10h33

As condições em que as meninas são criadas podem afetar sua fertilidade na idade adulta, segundo sugere um estudo recém-publicado de pesquisadores da University College London.

O estudo, publicado pela revista científica PLoS Medicine, monitorou os níveis de hormônios em mulheres que imigraram de Bangladesh para a Grã-Bretanha em diferentes estágios de suas vidas.

As mulheres que haviam passado sua infância nas condições mais saudáveis da Grã-Bretanha tinham níveis mais altos de hormônios reprodutivos do que aquelas que haviam crescido em Bangladesh.

Segundo a equipe de pesquisadores, na Grã-Bretanha as mulheres teriam acesso a melhores condições sanitárias e cuidados com a saúde, e menos riscos de doenças.

Eles descobriram que as mulheres que haviam passado suas infâncias na Grã-Bretanha haviam alcançado a puberdade mais cedo e tinham níveis do hormônio progesterona até 103% mais altos na idade adulta em comparação àquelas que imigraram mais tarde ou permaneceram em Bangladesh.

Esses níveis mais altos de progesterona aumentam a capacidade da mulher de ficar grávida.

Porém uma das autoras do estudo, Gillian Bentley, alerta que os níveis de hormônio observados também podem ter impactos negativos para a saúde.

"O significativo aumento nos níveis de progesterona que documentamos em mulheres imigrantes podem resultar, por exemplo, em riscos mais altos de câncer de mama nas gerações subseqüentes", comenta.

Vantagem evolutiva

Os resultados do estudo sugerem que a primeira infância é crítica em determinar a velocidade na qual as meninas amadurecem e o nível dos seus hormônios de reprodução na idade adulta.

Segundo a pesquisadora-chefe Alejandra Nuñez de la Mora, as meninas que imigraram mais cedo amadureceram mais cedo.
Para ela, o corpo feminino poderia monitorar seu ambiente durante a infância para avaliar quando e em que velocidade seria melhor para amadurecer.

"Essa é uma vantagem em termos evolutivos, já que faz o melhor uso dos recursos e da energia disponível para reprodução em qualquer circunstância", disse.

Isso faria sentido porque quando a energia é limitada, precisa ser dividida entre todas as funções corporais, para que quando as condições melhorem mais energia possa ser revertida para a reprodução.