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ONG britânica pede patrocínio para 'proteger' Amazônia

Iracema Sodré<br>de Londres

05/06/2007 10h14

A recém-lançada organização não-governamental britânica Cool Earth está comemorando o Dia do Meio Ambiente com uma campanha que incentiva as pessoas a patrocinarem a preservação de terrenos na Floresta Amazônica para ajudar a combater o aquecimento global.

Os pedidos de patrocínio foram anunciados no site da instituição com valores que vão de 35 a 50 libras (aproximadamente R$ 133 a R$ 190 reais) por meio acre (cerca de 2 mil metros quadrados ou um quarto de um campo de futebol) de floresta no Brasil ou no Equador.

O site promete que, depois de feita a transação, o terreno a ser protegido poderá ser acompanhado constantemente por meio de mapas virtuais feitos com imagens de satélites.

Aos doadores também são prometidos boletins informativos de guardas ambientais locais, empregados pela organização, sobre a preservação da área.

"Se um milhão de pessoas fizerem isso (patrocinarem um acre de floresta), haverá um enorme impacto no combate ao aquecimento global, protegendo florestas ameaçadas e os animais selvagens que lá vivem, e criando empregos sustentáveis para as comunidades locais", diz uma declaração emitida pela Cool Earth.

Projeto ambicioso

Os detalhes do projeto podem ser vistos no site da ONG, que explica que a Cool Earth "comprará ou arrendará terras de proprietários locais - tanto privados quanto governamentais" para criar áreas de preservação. A ONG também dá os nomes das áreas em que vai focar a iniciativa: Teles Pires, Ataninga, Madeira, Atauara e Awacachi.

O plano, ainda de acordo com o site, é que estas propriedades sejam passadas a fundações locais, em nome dos moradores da região. A Cool Earth arrendaria as terras por dez anos ou mais e depois deste período o local se tornaria uma reserva.

Quando as áreas compradas já são classificadas como reservas ambientais, mas não há recursos para mantê-las, o dinheiro das doações seria usado para a administração das terras pela Cool Earth pelo período mínimo de dez anos.

A iniciativa foi lançada pelo parlamentar trabalhista Frank Field e o milionário sueco Johan Eliasch, que causou polêmica em 2005, quando comprou um terreno de 160 mil hectares na Floresta Amazônica de uma madeireira americana.

Não está claro no site, e a assessoria de empresa da organização não soube esclarecer, quanto dos recursos arrecadados irão para a preservação de áreas e quanto para a compra de novas terras. Também não está claro se a área comprada por Eliasch fará parte do projeto.

Polêmicas

Desde que anunciou a compra dos 160 mil hectares de floresta, o milionário tem atraído atenção e polêmica.

Depois do anúncio, o Incra (Instituto nacional de Colonização e Reforma Agrária) afirmou que estava investigando irregularidades na propriedade das terras compradas - parte da propriedade teria títulos irregulares e parte estaria em litígio na Justiça.

Críticos afirmaram ainda que as pessoas que vivem na região ficaram sem emprego e que o empresário estava praticando "colonialismo verde".

Em conversa com a BBC Brasil Eliasch se defendeu.

"Isso não é 'colonialismo verde' porque não queremos ameaçar a soberania do país, nem prejudicar comunidades locais. Estamos trabalhando com os moradores e cooperando com os governos locais", disse.

"Ninguém sugeriu que se compre a floresta. Esse é território brasileiro e os outros países não devem se envolver. Estamos falando de desenvolver esquemas de compra e arrendamento em que, de fato, o resto do mundo pague pelos 'serviços ambientais' providos pela floresta", afirmou.

"Trabalhar com as populações nativas, fazendo com que elas se sintam donas da floresta, é muito mais eficiente que apenas empregar guardas para evitar o desflorestamento", defendeu Eliasch.

A organização diz que, a cada ano, a destruição de florestas tropicais em todo o mundo gera 6 bilhões de toneladas de CO2, mais que todo o gás carbônico produzido nos Estados Unidos.

"Todos nós sabemos do aquecimento global, mas a maioria das pessoas se sente impotente para lidar com algo numa escala tão grande. Esta é a oportunidade ideal para que cada um de nós tenha um papel importante em mudar o mundo", diz o parlamentar Frank Field.

Depois dos projetos-piloto no Brasil e no Equador, a Cool Earth pretende criar iniciativas semelhantes na África e na Ásia.
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