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Cientistas apontam ligação entre 'coceira e compulsão'

Da BBC Brasil

01/02/2008 12h33

Pesquisadores americanos acreditam ter descoberto por que a coceira pode ser tão "viciante", de acordo com as conclusões de um estudo publicado na revista "Journal of Investigative Dermatology".

Uma equipe da Universidade da Carolina do Norte usou exames de ressonância magnética para monitorar as transformações que ocorreram no cérebro de 13 participantes enquanto coçavam a parte inferior da perna.

Durantes os testes, eles pediram aos voluntários que coçassem a região com uma pequena escova durante 30 segundos e fizessem um descanso de 30 segundos. O movimento foi repetido até completar cinco minutos.

As imagens de computador mostraram que, durante o tempo em que coçavam a perna, uma parte do cérebro responsável pelo "comportamento compulsivo" foi altamente ativada, enquanto as regiões ligadas à memória e às reações às sensações desconfortáveis ficaram inibidas.

"Nós sabíamos que a o ato da coceira é prazeroso, mas não sabíamos por quê. É possível que o ato de coçar reprima os componentes emocionais da coceira e traga alívio", disse o coordenador da pesquisa, Gil Yosipovitch.

Tratamentos
Para o pesquisador, as descobertas da pesquisa podem levar a novos tratamentos para pessoas que sofrem de coceira compulsiva.

Um dos problemas do estudo foi que a coceira sentida pelos participantes não foi espontânea, mas provocada pelo contato com a escova. Agora os pesquisadores pretendem examinar se as reações do cérebro seriam as mesmas nos casos de coceira crônica.

Para algumas pessoas, a irritação provocada pela coceira pode ser tão grande, que elas coçam até provocar sangramento, afirmam os pesquisadores.

Irene Tracey, especialista em dor da Universidade de Oxford, disse que novos tratamentos para a coceira seriam um grande avanço.

"Sei de pessoas que tomaram morfina para aliviar a dor e tiveram coceiras no rosto como efeito colateral. A coceira era tão severa que muitas abandoram o tratamento e resolveram suportar a dor", disse a especialista.