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Genoma explica 'estranheza' do ornitorrinco

Helen Briggs<br>Da BBC News

08/05/2008 07h20

O ornitorrinco, considerado uma das espécies mais estranhas do mundo, é uma mistura genética de mamíferos, répteis e aves, segundo indica o seqüenciamento do seu genoma, publicado na última edição da revista científica "Nature".

Os mais de cem pesquisadores responsáveis pelo seqüenciamento do genoma dizem que as características únicas dos ornitorrincos estão refletidas em seu DNA.

Os animais são originários de um ramo inicial da família dos mamíferos, e assim como os demais mamíferos são cobertos de pelos e produzem leite. Mas põem ovos como répteis e aves.

Segundo os responsáveis pelo estudo, a seqüência genômica do ornitorrinco pode dar pistas sobre a evolução dos seres humanos e de outros mamíferos.

O ornitorrinco é o mais recente de uma série de mamíferos a ter seu código genético decifrado, entre eles o camundongo, o rato, a ovelha, o cavalo e o cachorro.

Mas o animal é o único membro dos monotremados (mamíferos que põem ovos) a ter seu genoma seqüenciado.

Características pouco usuais

Segundo um dos coordenadores do estudo, Chris Pontig, da Universidade de Oxford, o ornitorrinco foi escolhido por suas características pouco usuais.

O animal é tão estranho que foi considerado uma farsa quando foi enviado no século 19 por cientistas da Austrália, onde era originalmente encontrado, para a Europa.

"Ele tem uma aparência muito estranha porque é uma mistura com bico de pato, olhos de toupeira, ovos de lagarto e o rabo de um castor", disse Pontig à BBC.

"Este era um de uma série de mamíferos que podíamos ter escolhido, mas era certamente aquele que todos queriam ver seqüenciado por causa de suas características pouco usuais", afirmou.

"É maravilhoso ver toda a mistura de diferentes características que o ornitorrinco exibe; ver aquelas características refletidas no DNA, nos genes dessa criatura, que mantém mistérios para os cientistas e para a população em geral desde que foi descoberto, há 200 anos", complementou.

Preservação

O DNA analisado veio de uma fêmea, batizada de Glennie, que foi capturada em Nova Gales do Sul, na Austrália.

A seqüência foi então comparada com pedaços de DNA de cerca de outros cem ornitorrincos que também viviam de maneira selvagem.

Mark Batzer, da Universidade de Louisiana, em Baton Rouge, que também participou do estudo, disse que os dados devem ajudar os esforços de preservação ao permitir que os cientistas investiguem o tamanho da população, sua estrutura e seus hábitos de procriação.

"No caso do ornitorrinco, nós claramente aprendemos muito sobre um organismo único que tem uma relevância em termos de sua condição ameaçada e da biologia da preservação", disse.

Segundo ele, "uma grande surpresa foi a natureza de retalhos do genoma, com características de aves, répteis e mamíferos".

O ornitorrinco e a équidna, um pequeno mamífero espinhoso, são as únicas espécies conhecidas de monotremados no mundo. Todos os outros mamíferos dão à luz suas crias.

Os ornitorrincos são encontrados nos Estados do leste da Austrália, vivendo em rios e riachos e em suas proximidades.

Eles têm uma visão acurada, mas apenas abrem seus olhos quando estão fora da água.

Sob a água, eles recorrem ao tato e a um sentido especial chamado de electro-recepção, que permite a eles detectar pequenas mudanças no campo elétrico gerado por suas presas.


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